Postar agora um cosplay de resenha sobre Steins Gate. Como o anime tem 25 eps., sendo o maior que eu já escrevi sobre, este texto será bem maior do que os anteriores. Há vários links no texto que usei como exemplos e extensão do que eu falo, então sugiro que leiam passando o mouse pelo texto para clicar nos links.
* Animação e gráfico no geral: Os personagens possuem um nível de detalhe e animação padrão, arredondado para baixo. O anime inteiro usa tons de cor apagados e é muito escuro, com poucas cores além do cinza. Para quem conhece o jogo, a redução no nível de detalhes é brutal: toda cena não-fácil o anime a faz do jeito mais simples possível. Sem contar escolhas como não tentar emular a textura que os personagens tem no jogo (Senjou no Valkyria fez isso).
De vez em quando os personagens ficam disformes ou desproporcionais em relação ao cenário, em especial o Barril (mas tanto faz, não me importo com ele) e a Makise (cenas como esta e esta não são raras) e os cenários são todos muito simples. Só no começo e no fim do anime eles se lembram de desenhar gente em Akihabara. Nem o cenário onde se passa 90% do anime, a sala do “laboratório”, foi bem feito. O anime tem algumas tomadas de câmera “diferentes” mas nada que Shaft e KyoAni não façam à exaustão.
Acho que a prioridade do departamento de animação foi fazer os efeitos especiais do anime, como o de quando o protagonista viaja no tempo e o medidor de divergência. Mas são efeitos bem reusados durante o anime.
* Som:
O anime tem músicas mas demorei a notá-las. Aliás, posso jurar que no ep. 1 quase não teve música. A OP é decente mas não me cativou, prefiro a ED por ser uma música de mais impacto. Se bem que em alguns eps., como do 22 para frente, consegui notar músicas.
Já os dubladores... isso não posso dizer o de sempre, que no geral estão OK. Acho que algumas vozes foram mal escolhidas. O Barril e a Maid tem vozes que me incomodam. O Barril tem uma voz que lembra o Pateta se fosse japonês, e a Maid só fala miando. Ela com isso deveria parecer moe, mas para mim é só forçação de barra. Para mim os dois deveriam ter voz de gente.
Os outros personagens para mim estão com voz OK.
* História:
A base da história é sólida, mas por causa do uso de certos truques. O anime trata sobre viagens de tempo, mas o faz de um jeito nada confuso e bem direto. A história é sobre uma série de viagens-punheta temporais: muita ida e volta para fazer merdas e depois consertá-las. Com a não-criação de uma rede de pime taradoxes, ao contrário de obras que mexem com o tempo como Exterminador do Futuro, a obra consegue facilitar a manutenção da coerência temporal, facilitando a compreensão. E o anime tem várias cenas que depois mostram ter razão de ser mais à frente no anime, apesar de que raramente a razão de ser é realmente racional.
As viagens no tempo se baseiam em linhas e sublinhas de tempo que quando o protagonista viaja de uma para outra, muito pouco muda. Os personagens continuam com mesmo visual, personalidade, atos e experiências de vida exceto as que forem consideradas relevantes para mudança, numa espécie de anti-efeito borboleta. Além disso as viagens no tempo se baseiam no método MacGyver de resolução de problemas: caso queira saber por que eu disse isso, é só pensar em como o anime explica as viagens temporais do Kyouma. E o protagonista, e só ele, pode viajar no tempo quantas vezes quiser, o que lhe dá certa invencibilidade. Oras, o que o poderia impedir de conseguir mudar o que quer? São estes truques que tornam o anime fácil de entender, “plausível” mesmo considerando o naipe de seus personagens e o ajudam a manter coerência temporal, mesmo sendo sobre viagens temporais.
Mas mesmo com uma história sólida, a custo do uso de GameShark, ela tem um imenso problema: progressão lentíssima.
Já discuti sobre a lezeira da progressão do anime aqui, então vou apenas colar um enxerto da discussão:
“Bem, para mim os primeiros 12 eps. de Steins Wait podem ser resumidos em 6. Oras, só o ep. 12 poderia ser resumido em 6 minutos. Steins Wait é perfeitamente lento. É como a comparação com o prédio que fiz.
Na verdade as minúcias que tem em Steins Wait nem são tantas. Eles não se alongaram a falar sobre os buracos negros de Kerr, a ergosfera e o horizonte de eventos. Tá citado e pronto. O mesmo que fizeram sobre o LHC, ou o IBM 5100, ou o CERN. Aliás, toda a procura sobre o IBM 5100 poderia se passar em meio ep.: não precisaria ocupar praticamente 2 eps.”
O anime perde tempo demais³²¹¹³²²³¹²¹³²¹³ dando corda a personagens que mal terão serventia. Há poucos episódios onde mais da metade seja progressão de história, mesmo que em tese Steins seja uma obra baseada na história. E possui 2 lados que não são explorados por completo: o lado ciência e o lado moe.
Primeiro, como supracitado, o lado ciência tem muito Sazón para pouca comida. Apenas as viagens do tempo em si são “a refeição”, o resto está lá só para o anime fingir ser mais profundo do que é. Não há minúcias relevantes a respeito do background científico, exceto em um ou outro episódio. 90% dos termos científicos são apenas nome de episódios.
Já o lado moe tem é pouco moe. O nível de otakismo é baixo, o que é estranho, pois um “selling point” do anime é se passar em Akihabara, e as situações apenas causam facepalm ao invés de graça: quem ri da Mayuri falando “tuturu” por favor faça cosplay do protagonista de Persona 3 invocando os Personas. Ou quem ri da Maid miando-falando. Ou rir do trap “ó, não pode ser um cara, tem que ser uma dona”. Elas foram mal colocadas, e não digo isso por ser hater de moe, aliás adoro. De moe, acho que só a Christina satisfaz. Não me aborreço com ela sendo tsundará.
Do episódio 22 em diante, o anime engrena e tem alguma progressão rumo ao seu final, que resolve umas coisas pendentes e satisfaz de certo modo apesar de ser óbvio. Mas não acho que justifique todo o compasso da história até então.
* Personagens:
O anime tem um bom número de personagens que o pretexto considera como principais. Há o principal, o Kyouma, e várias “garotas”, cada uma baseada em uma tara moe: a tsundere, a calada, a lezada, a maid, a tomboy e o trap (bem, tara moe dos japas, e isso daí é garota piratex). Com um cardápio de tal calibre, fica a impressão de que constroem um harém, mas isso não acontece.
Primeiro falarei dos dois personagens-motor da história: o Kyouma e a Christina. O Kyouma é um personagem carismático, que apesar de se intitular cientista louco na verdade mal é cientista e é emo(tivo) demais para ser louco (louco no sentido de “cientista louco”). Ele tem a função de ser a cobaia principal dos experimentos relevantes. Já a Christina é a verdadeira cientista do anime, peça-chave da história. É ela quem cria a máquina do tempo a partir do seu conhecimento, e em uma das linhas do tempo a partir do conhecimento mais os teoremas de Conclusão Hipotética Universal Técnica Explicativa do Kyouma. Sem ela as viagens no tempo do anime não existiriam. E eles ainda tem um bom relacionamento, são um casal com química, o que é raro em animes atuais, e os dois possuem carisma, algo mais raro ainda.
Além destes dois, que chamarei de protagonistas, tem a Suzuha, uma personagem que a princípio parecia ser descartável, mas arranjaram um pretexto para a volta dela no fim do anime. E ela tem como objetivo principal justamente explicar como desfazer as merdas já feitas, o que é crucial para o desenvolvimento da história. E tem os outros personagens, que apelidarei carinhosamente de objetos. Eles existem no anime simplesmente para cumprir certo objetivo e depois sumirem. A utilidade dos objetos seria a seguinte:
* Mayuri: Morrer
* Barril: Usar computadores
* Moeka: Matar
* Ruka: Guardar um computador
* Maid-gata: Deletar Akiba
* Braun: Matar
Os objetos vivem e existem apenas para os propósitos acima: eles ficam vagando pelo anime fazendo PN e ocupando tempo de anime até chegar a hora de serem úteis, agem e depois perdem completamente o propósito de existir no anime. E olhe que há objetos totalmente sem utilidade: criar um “personagem” considerado protagonista cuja única função no anime é guardar um PC, e o pior, nem isso faz direito? Haja desperdício de recursos. Num jogo isso é compreensível, afinal, a produtora do jogo deseja que ele tenha um mínimo de tempo de jogo para que seja mais valorizado, e com isso enfia situações e personagens filler. Já em um anime, estes personagens só servem para tomar tempo.
Além dos objetos só terem uma utilidade, o anime ainda inventa pseudodrama com eles, lhes dando uma história de fundo repentina. No mesmo episódio um objeto que simplesmente não teve desenvolvimento algum recebe um background, tem sua catarse e some de cena. São objetos totalmente descartáveis, e não recicláveis. Tive vergonha de ver pseudodesenvolvimento de objetos tipo o Braun. Alguns ainda continuam assombrando os episódios, mas tem sua funcionalidade completamente diluída, tipo o Barril.
Sobre desenvolvimento de personagens, basicamente só os protagonistas o tem, como o nome já deixa explícito. O Kyouma, por conseguir manter os dados no seu SSD neural intactos depois de cada viagem, tem um desenvolvimento, apesar de eu não gostar da progressão dele. Ele fica muito emotivo, e ao invés de usar o raciocínio lógico-científico para resolver os problemas, fica precisando de ajuda do cérebro do anime, a Christina, para agir. Ele chega ao ponto de esquecer coisas óbvias e marcantes e de ser lembrado de fazer o que ele mesmo queria, como “Kyouma, o Gmail! Não fica aí parado, envia o Gmail!”. Para mim ele deveria ser mais cientista. Ao menos no penúltimo episódio ele se lembra de voltar a ser o que era.
Já a Christina consegue ter algum desenvolvimento, pois o anime deixa implícito que o Kyouma sempre a deixa a par da situação, e as atitudes dele para com ela mudam um pouco com o tempo, e vice-versa.
Por causa do esquema de viagens temporais do anime, os objetos são o que são e continuam assim para sempre: quando o anime lhes força uma digievolução, pouco depois eles são deletados da história. Suas versões digivolvidas ficam em sublinhas de tempo estanques. Eles às vezes tem "lembranças" das linhas de tempo onde estiveram, mas só a Christina, por ser personagem, foi afetada por tais lembranças.
Steins Gate poderia simplesmente não ter tantos objetos: ao invés de ter 2 linhas base de tempo (a linha “salvar Mayuri” e a linha “salvar Makise”), poderia ter uma só linha de tempo onde a protagonista morreria e o objetivo seria só salvá-la (não me estenderei sobre isso, mas seria fácil mudar a história para extirpar o câncer chamado “linha Mayuri”), objetos como Ruka, Mayuri, Maid e Braun simplesmente não existiriam e os objetos Moeka e Barril poderiam ser multifunção: cumprir as funções de outros objetos além das suas. O Barril, sendo otaku, poderia muito bem guardar o PC. Aliás, ele poderia ter cara de gente tipo sua versão do futuro. Já a Moeka poderia ser diretamente ligada à CERN.
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Para os sobreviventes deste tsunami textual, encerro dizendo que este anime é 100% melhor que Chaos Head, quer dizer, algo entre mediano e bom, digno de um 6. Como ele é uma obra séria que trata sobre um assunto com alguma base científica, pseudos, channers e parecidos o idolatrarão dizendo que é um dos melhores animes do ano, obra-prima, exemplo de criação de história e personagens e todos os elogios imagináveis, e que quem criticar o anime é um burro que não entendeu tamanha “profundidade”, é povão fã de shonen, punheteiro ou adjetivos do mesmo quilate. O "lado racional" de muitos dará nota 9,5 ao anime, e o "lado emotivo" dará nota 11.
Não há dúvidas de que Steins será aclamado como um dos melhores animes de todos os tempos da última semana. Mas o anime tem um número notável de problemas, notáveis apenas para quem não se deixa levar por hypes e aparência séria.
Se o anime buscasse ser uma obra boa ao invés de meio fiel ao jogo, teria tudo para ser um ótimo ou um excelente anime. Mas com isso irritaria os fãs legados e venderia PN.
TL; DR
Pontos fortes:
* Uma dupla de dois bons protagonistas (A pair of two double good protagonists)
* A base da história com seu presente, passado e futuro (History: Past, present and future)
Pontos fracos:
* Excesso de episódios (‘Cause this is filler, filler night...)
* Excesso de personagens (The walking trash)
* Animação deixa a desejar
* Animação e gráfico no geral: Os personagens possuem um nível de detalhe e animação padrão, arredondado para baixo. O anime inteiro usa tons de cor apagados e é muito escuro, com poucas cores além do cinza. Para quem conhece o jogo, a redução no nível de detalhes é brutal: toda cena não-fácil o anime a faz do jeito mais simples possível. Sem contar escolhas como não tentar emular a textura que os personagens tem no jogo (Senjou no Valkyria fez isso).
De vez em quando os personagens ficam disformes ou desproporcionais em relação ao cenário, em especial o Barril (mas tanto faz, não me importo com ele) e a Makise (cenas como esta e esta não são raras) e os cenários são todos muito simples. Só no começo e no fim do anime eles se lembram de desenhar gente em Akihabara. Nem o cenário onde se passa 90% do anime, a sala do “laboratório”, foi bem feito. O anime tem algumas tomadas de câmera “diferentes” mas nada que Shaft e KyoAni não façam à exaustão.
Acho que a prioridade do departamento de animação foi fazer os efeitos especiais do anime, como o de quando o protagonista viaja no tempo e o medidor de divergência. Mas são efeitos bem reusados durante o anime.
* Som:
O anime tem músicas mas demorei a notá-las. Aliás, posso jurar que no ep. 1 quase não teve música. A OP é decente mas não me cativou, prefiro a ED por ser uma música de mais impacto. Se bem que em alguns eps., como do 22 para frente, consegui notar músicas.
Já os dubladores... isso não posso dizer o de sempre, que no geral estão OK. Acho que algumas vozes foram mal escolhidas. O Barril e a Maid tem vozes que me incomodam. O Barril tem uma voz que lembra o Pateta se fosse japonês, e a Maid só fala miando. Ela com isso deveria parecer moe, mas para mim é só forçação de barra. Para mim os dois deveriam ter voz de gente.
Os outros personagens para mim estão com voz OK.
* História:
A base da história é sólida, mas por causa do uso de certos truques. O anime trata sobre viagens de tempo, mas o faz de um jeito nada confuso e bem direto. A história é sobre uma série de viagens-punheta temporais: muita ida e volta para fazer merdas e depois consertá-las. Com a não-criação de uma rede de pime taradoxes, ao contrário de obras que mexem com o tempo como Exterminador do Futuro, a obra consegue facilitar a manutenção da coerência temporal, facilitando a compreensão. E o anime tem várias cenas que depois mostram ter razão de ser mais à frente no anime, apesar de que raramente a razão de ser é realmente racional.
As viagens no tempo se baseiam em linhas e sublinhas de tempo que quando o protagonista viaja de uma para outra, muito pouco muda. Os personagens continuam com mesmo visual, personalidade, atos e experiências de vida exceto as que forem consideradas relevantes para mudança, numa espécie de anti-efeito borboleta. Além disso as viagens no tempo se baseiam no método MacGyver de resolução de problemas: caso queira saber por que eu disse isso, é só pensar em como o anime explica as viagens temporais do Kyouma. E o protagonista, e só ele, pode viajar no tempo quantas vezes quiser, o que lhe dá certa invencibilidade. Oras, o que o poderia impedir de conseguir mudar o que quer? São estes truques que tornam o anime fácil de entender, “plausível” mesmo considerando o naipe de seus personagens e o ajudam a manter coerência temporal, mesmo sendo sobre viagens temporais.
Mas mesmo com uma história sólida, a custo do uso de GameShark, ela tem um imenso problema: progressão lentíssima.
Já discuti sobre a lezeira da progressão do anime aqui, então vou apenas colar um enxerto da discussão:
“Bem, para mim os primeiros 12 eps. de Steins Wait podem ser resumidos em 6. Oras, só o ep. 12 poderia ser resumido em 6 minutos. Steins Wait é perfeitamente lento. É como a comparação com o prédio que fiz.
Na verdade as minúcias que tem em Steins Wait nem são tantas. Eles não se alongaram a falar sobre os buracos negros de Kerr, a ergosfera e o horizonte de eventos. Tá citado e pronto. O mesmo que fizeram sobre o LHC, ou o IBM 5100, ou o CERN. Aliás, toda a procura sobre o IBM 5100 poderia se passar em meio ep.: não precisaria ocupar praticamente 2 eps.”
O anime perde tempo demais³²¹¹³²²³¹²¹³²¹³ dando corda a personagens que mal terão serventia. Há poucos episódios onde mais da metade seja progressão de história, mesmo que em tese Steins seja uma obra baseada na história. E possui 2 lados que não são explorados por completo: o lado ciência e o lado moe.
Primeiro, como supracitado, o lado ciência tem muito Sazón para pouca comida. Apenas as viagens do tempo em si são “a refeição”, o resto está lá só para o anime fingir ser mais profundo do que é. Não há minúcias relevantes a respeito do background científico, exceto em um ou outro episódio. 90% dos termos científicos são apenas nome de episódios.
Já o lado moe tem é pouco moe. O nível de otakismo é baixo, o que é estranho, pois um “selling point” do anime é se passar em Akihabara, e as situações apenas causam facepalm ao invés de graça: quem ri da Mayuri falando “tuturu” por favor faça cosplay do protagonista de Persona 3 invocando os Personas. Ou quem ri da Maid miando-falando. Ou rir do trap “ó, não pode ser um cara, tem que ser uma dona”. Elas foram mal colocadas, e não digo isso por ser hater de moe, aliás adoro. De moe, acho que só a Christina satisfaz. Não me aborreço com ela sendo tsundará.
Do episódio 22 em diante, o anime engrena e tem alguma progressão rumo ao seu final, que resolve umas coisas pendentes e satisfaz de certo modo apesar de ser óbvio. Mas não acho que justifique todo o compasso da história até então.
* Personagens:
O anime tem um bom número de personagens que o pretexto considera como principais. Há o principal, o Kyouma, e várias “garotas”, cada uma baseada em uma tara moe: a tsundere, a calada, a lezada, a maid, a tomboy e o trap (bem, tara moe dos japas, e isso daí é garota piratex). Com um cardápio de tal calibre, fica a impressão de que constroem um harém, mas isso não acontece.
Primeiro falarei dos dois personagens-motor da história: o Kyouma e a Christina. O Kyouma é um personagem carismático, que apesar de se intitular cientista louco na verdade mal é cientista e é emo(tivo) demais para ser louco (louco no sentido de “cientista louco”). Ele tem a função de ser a cobaia principal dos experimentos relevantes. Já a Christina é a verdadeira cientista do anime, peça-chave da história. É ela quem cria a máquina do tempo a partir do seu conhecimento, e em uma das linhas do tempo a partir do conhecimento mais os teoremas de Conclusão Hipotética Universal Técnica Explicativa do Kyouma. Sem ela as viagens no tempo do anime não existiriam. E eles ainda tem um bom relacionamento, são um casal com química, o que é raro em animes atuais, e os dois possuem carisma, algo mais raro ainda.
Além destes dois, que chamarei de protagonistas, tem a Suzuha, uma personagem que a princípio parecia ser descartável, mas arranjaram um pretexto para a volta dela no fim do anime. E ela tem como objetivo principal justamente explicar como desfazer as merdas já feitas, o que é crucial para o desenvolvimento da história. E tem os outros personagens, que apelidarei carinhosamente de objetos. Eles existem no anime simplesmente para cumprir certo objetivo e depois sumirem. A utilidade dos objetos seria a seguinte:
* Mayuri: Morrer
* Barril: Usar computadores
* Moeka: Matar
* Ruka: Guardar um computador
* Maid-gata: Deletar Akiba
* Braun: Matar
Os objetos vivem e existem apenas para os propósitos acima: eles ficam vagando pelo anime fazendo PN e ocupando tempo de anime até chegar a hora de serem úteis, agem e depois perdem completamente o propósito de existir no anime. E olhe que há objetos totalmente sem utilidade: criar um “personagem” considerado protagonista cuja única função no anime é guardar um PC, e o pior, nem isso faz direito? Haja desperdício de recursos. Num jogo isso é compreensível, afinal, a produtora do jogo deseja que ele tenha um mínimo de tempo de jogo para que seja mais valorizado, e com isso enfia situações e personagens filler. Já em um anime, estes personagens só servem para tomar tempo.
Além dos objetos só terem uma utilidade, o anime ainda inventa pseudodrama com eles, lhes dando uma história de fundo repentina. No mesmo episódio um objeto que simplesmente não teve desenvolvimento algum recebe um background, tem sua catarse e some de cena. São objetos totalmente descartáveis, e não recicláveis. Tive vergonha de ver pseudodesenvolvimento de objetos tipo o Braun. Alguns ainda continuam assombrando os episódios, mas tem sua funcionalidade completamente diluída, tipo o Barril.
Sobre desenvolvimento de personagens, basicamente só os protagonistas o tem, como o nome já deixa explícito. O Kyouma, por conseguir manter os dados no seu SSD neural intactos depois de cada viagem, tem um desenvolvimento, apesar de eu não gostar da progressão dele. Ele fica muito emotivo, e ao invés de usar o raciocínio lógico-científico para resolver os problemas, fica precisando de ajuda do cérebro do anime, a Christina, para agir. Ele chega ao ponto de esquecer coisas óbvias e marcantes e de ser lembrado de fazer o que ele mesmo queria, como “Kyouma, o Gmail! Não fica aí parado, envia o Gmail!”. Para mim ele deveria ser mais cientista. Ao menos no penúltimo episódio ele se lembra de voltar a ser o que era.
Já a Christina consegue ter algum desenvolvimento, pois o anime deixa implícito que o Kyouma sempre a deixa a par da situação, e as atitudes dele para com ela mudam um pouco com o tempo, e vice-versa.
Por causa do esquema de viagens temporais do anime, os objetos são o que são e continuam assim para sempre: quando o anime lhes força uma digievolução, pouco depois eles são deletados da história. Suas versões digivolvidas ficam em sublinhas de tempo estanques. Eles às vezes tem "lembranças" das linhas de tempo onde estiveram, mas só a Christina, por ser personagem, foi afetada por tais lembranças.
Steins Gate poderia simplesmente não ter tantos objetos: ao invés de ter 2 linhas base de tempo (a linha “salvar Mayuri” e a linha “salvar Makise”), poderia ter uma só linha de tempo onde a protagonista morreria e o objetivo seria só salvá-la (não me estenderei sobre isso, mas seria fácil mudar a história para extirpar o câncer chamado “linha Mayuri”), objetos como Ruka, Mayuri, Maid e Braun simplesmente não existiriam e os objetos Moeka e Barril poderiam ser multifunção: cumprir as funções de outros objetos além das suas. O Barril, sendo otaku, poderia muito bem guardar o PC. Aliás, ele poderia ter cara de gente tipo sua versão do futuro. Já a Moeka poderia ser diretamente ligada à CERN.
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Para os sobreviventes deste tsunami textual, encerro dizendo que este anime é 100% melhor que Chaos Head, quer dizer, algo entre mediano e bom, digno de um 6. Como ele é uma obra séria que trata sobre um assunto com alguma base científica, pseudos, channers e parecidos o idolatrarão dizendo que é um dos melhores animes do ano, obra-prima, exemplo de criação de história e personagens e todos os elogios imagináveis, e que quem criticar o anime é um burro que não entendeu tamanha “profundidade”, é povão fã de shonen, punheteiro ou adjetivos do mesmo quilate. O "lado racional" de muitos dará nota 9,5 ao anime, e o "lado emotivo" dará nota 11.
Não há dúvidas de que Steins será aclamado como um dos melhores animes de todos os tempos da última semana. Mas o anime tem um número notável de problemas, notáveis apenas para quem não se deixa levar por hypes e aparência séria.
Se o anime buscasse ser uma obra boa ao invés de meio fiel ao jogo, teria tudo para ser um ótimo ou um excelente anime. Mas com isso irritaria os fãs legados e venderia PN.
TL; DR
Pontos fortes:
* Uma dupla de dois bons protagonistas (A pair of two double good protagonists)
* A base da história com seu presente, passado e futuro (History: Past, present and future)
Pontos fracos:
* Excesso de episódios (‘Cause this is filler, filler night...)
* Excesso de personagens (The walking trash)
* Animação deixa a desejar