A Geisha (Gion Bayashi)
(Japão, 1953 Kenji Mizoguchi)
Apenas negócios de Geisha como de habitual.
Depois de assistir e de falar tanto dos filmes do Mizoguchi e prostituição não resta muito o que dizer sobre esse filme. A diferença é que ele mostra Geishas de verdade.
Uma das protagonistas, Eiko, interpretada pelo Ayako Wakao vai para Kyoto atrás da amiga da falecida mãe que foi uma geisha. O tio quer abusar dela, o pai abandonou, ela não tem outra pessoa a quem recorrer, e como a mãe foi uma geisha ela vê como uma profissão digna o bastante para seguir e pede para a amiga da mãe, Miyoharu, tomar ela como aprendiz.
Só que por mais digna que seja essa profissão ela cai nas pegadinhas que desconhece, ela foge para lá para não ser estuprada pelo tio e no fim acaba quase sempre estuprada por um cliente e descobrindo e entendendo finalmente que aquele mundo é cheio de fachadas e por mais que durante o treinamento dela tenha sido ensinado que elas são um patrimônio imaterial do país, as que não entregam o corpo não prosperam. Ela é realmente ignorante desse lado negro daquele mundo e dos tempos e como muitos ainda operam à moda antiga, quando ela começa a desconfiar e perceber as coisas desagradáveis que ela e as outras tem que suportar ela chega questionar uma instrutura sobre diretos humanos, os regulamentos legais e a constituição, e no fim a única resposta que ouve é risos.
Não tem escapatório se quiser sobreviver naquele mundo, até porquê a toda oportunidade são vítimas de ciladas e chantagens. O conflito do filme vem da Miyoharu ter sido enganada e tentar levar a situação e proteger a Eiko. Mas só as duas sozinhas naquele mundo...
"Serei sua patrona".
Filme manjado, claro, ainda assim bonito.
Pensando nos filmes e nos anos que foram feitos dá para ver um pouco de progressão até chegar em Rua da Vergonha que também tem a Ayako no elenco.
No Regrets for Our Youth(Waga seishun ni kuinash)
(Japão, 1946 Akira Kurosawa)
Esse é o que dizem ser o pior filme do Kurosawa e já começo dizendo que o filme não é ruim de forma nenhuma, e que suspeito que o filme é tachado dessa forma muito pelo conteúdo dele.
Já assisti a vários filmes que foram feitos por volta dessa época, ainda da década de 1940, filmes da década de 1950 que eram críticos da guerra que o Japão tinha se metido e perdido e as antigas pretensões imperialistas. E de todos esses filmes que já assisti que tocam nessa questão, daquela época, esse é um dos mais interessantes. Ele lembra que nas décadas anteriores muita gente discordava e alertava sobre a política exterior do país, lembra de como o Japão se tornou um país fascista e de como ele conquistou todo o apoio popular da época para o esforço de guerra através de uma repressão muito dura, perseguindo, reprimindo e matando um bocado de gente. O filme passa uma impressão de "eles avisaram, avisaram e vocês insistiram no erro".
Por ser sobre essa questão toda é fácil de imaginar que tenha sido muito mal visto na época e todas as críticas pegaram e continuaram com ele ao longo dos anos. No início de 1946 o sindicato dos trabalhadores do estúdio TOHO entrou e venceu uma greve e eles ganharam muito poder dentro do estúdio. Foi criado um comitê dos funcionários para discutir os filmes a serem feitos e é fácil entender a vontade deles em fazer isso, depois de terem passado tantos anos sendo forçados a fazer propaganda de guerra, e os jornais ainda motivando um clima de que o povo não tinha nada para se envergonhar pelo que tinham feito na guerra, e tudo mais. O comitê tinha vontade de aprovar roteiros críticos desse discurso, e também havias muitos roteiros nessa linha esperando para ser submetidos para aprovação, e daí começou o problema com o filme, porque cada roteirista e diretor submete o roteiro que ele vê com carinha e não quer que outras pessoas mexam nele. Por haver roteiros parecidos o deste aqui acabou, também, sofrendo alterações pelo comitê e foi o roteiro alterado que o Kurosawa teve que filmar. Ele não gostava do filme por isso, por terem mexido no roteiro, apesar de que a partir dali ele também fez alterações para se adequar principalmente na parte final do filme.
Então, o filme já tem essa marca de ser um filme "dos comunistas do TOHO", e para piorar quando foi exibido para os censores americanos eles aprovaram sem críticas.
A controvérsia é essa, só que mesmo que o Kurosawa critique o filme pelos motivos dele, ainda sinto que muito é implicância mais com o contexto do que com a qualidade do filme. Afinal, dizer que é um filme "do Kurosawa" é é também de certo modo incorreto, ele foi um esforço conjunto da equipe, o Kurosawa apenas fez o trabalho que tinha que fazer como diretor. O filme não tem marcas fortes da direção dele, e na época talvez elas ainda nem existissem para se fazerem presentes.
Agora sobre o filme em si, ele começa em 1932/33 usando de base um incidente que teve na Universidade de Kyoto envolvendo a repressão política e de pensamento que ocorria na época.
A protagonista é a Setsuko Hara, e ela quer ser ignorante, como muitos querem ser sobre o que acontece no mundo, mas os alunos do paí, em particular um deles por quem se apaixonando e casando bem mais à frente no filme a forçam a repensar o que acontece em volta dela. Ela não faz muita coisa na história, ela está mais naquela agonia de não saber para onde ir enquanto vê as vidas de pessoas importantes para ela ser afetada pelo clima da época. O aluno do pai com quem ela acaba casando, na década de 1940 faz parte da resistência contra o governo. Junto com muitos outros eles apenas fingiram renunciar seus ideias para operar de forma mais eficiente nas sombras. Mas detalha a história do filme não interessa, o que interessa é falar da Setsuko Hara.
COMO FOI BOM VER A SETSUKO HARA LIVRE DO OZU!
Eu gosto dos filmes dele, só que depois do ápice que foi Tokyo Story pra mim foi só decadência. Os filmes dele se tornaram chatos e estéreis. Como é bom ver a Setsuko usando mais de duas expressões faciais em um filme! Se movendo, mexendo o corpo, poxa, ela era boa atriz!
Aqui ela atua, e na parte final do filme ela até faz esforço físico e podemos ver ela suada, molhada, enlameada, coisa linda.
E também, um detalhe que não tem como reparar, me faz pensar em quem da equipe pensou nisso, ela passa o filme todo sem usar sutiã. Pode parecer taradice minha comentar isso, mas não é, é bem na cara mesmo, fica bem chamativo em algumas cenas mamilas saltando na blusa que ela está vestindo ou os peitos balançando. Isso acrescenta nada no filme, de todo modo é interessante até de notar, já que a Setsuko ali era bem mais jovenzinha do que em outros filmes posteriores que ela fez que eu assisti.
E não só a atuação dela que é "boa", atuação que nem sei dizer de fato se é boa, é mais porque me pareceu mais "natural" do que atuação de outros filmes da época que assisti. Ainda tem um estilo antigo daquela época em muitas cenas, todavia é uma evolução. Bem melhor de assistir um filme como esse em que os personagens parecem gente comum falando naturalmente do que atores lendo falas de forma pouco natural.
Voltando ao Kurosawa, e qualidade técnica do filme, ele tem várias cenas bonitas e interessantes, um "blocking" que já se faz notar, a edição por outro lado é um problema, a transição entre muitas cenas, a passagem do tempo abrupta, principalmente em duas parte do meio do filme que não fica claro quanto tempo se passa entre uma cena e outra além de a transição ser feita. E também a forma como a personagem da Setsuko se comporta em um desses momentos em particular.
Enfim, pra mim foi um bom filme, e saber de toda essa história e polêmica que existe em torna dele o torna ainda melhor!
Digam o que quiserem é um filme que gostando ou não vale muito ser visto.
The Daughter of the Samurai (Atarashiki Tsuchi)
(Alemanha/Japão, 1937 Arnold Fanck/Mansaku Itami)
Depois de assistir ao último filme do Kurosawa e ficar com vontade de assistir outro filme com a Setsuko Hara, olhando a filmografia dela reparei no interessante detalhe (no contexto aqui) de que ela participou de muitos filmes de propaganda no início da carreira.
O filme que consegui ter acesso e assistir já é o nono filme dela, apenas dois anos depois de começar a aturar, o que não é surpresa conhecendo o ritmo de produção da época. I filme se chama "A Filha do Samurai" na Alemanha e Atarashiki Tsuchi no Japão, de 1937 quando a Setsuko possuía apenas 16 anos e ainda voz de criança.
É interessante assistir a esses filmes, hoje.
Como já mencionado é um filme de propaganda.
Um Japonês após passar 8 anos na Alemanha volta para o Japão e deve se casar com a filha da família de Samurai quem o adorou e financiou seus estudos, porém ele quer recusar o casamento motivado por ideias de liberdade e individualismo que aprendeu na Europa.
Após um período de reabituação a sua terra e costumes natais, e demonstrar seu amor evitando o suicídio da noiva, a nova família vive feliz participando do desenvolvimento da Manchúria.
Assistir um filme desse é uma experiência.
Ele foi dirigido por Mansaku Itami e o alemão Arnold Fanck que era ligado ao partido Nazista, e dizem que eles desentenderam muito durante as filmagens e cada um fez uma montagem para seu países. A que assistir deve ser a japonesa, a outra nem sei se existe.
Durante o filme o aspecto de propaganda perde o controle em vários momentos e ele acaba se tornando mais longo que o necessário por isso, com várias montagens onde o filme fics mostrando aspectos e detalhes e paisagens japonesas para o público alemão. O lado tradicional, o lado moderno, o lado militar. "Made in Japan", e que muito existe graças a ajuda e colaboração de aliados como a Alemanha.
Duas partes chamam muito atenção quando você assistir, uma delas é quando o protagonista comenta e explica para sua amiga alemã que vai com ele visitar o país sobre o que está sendo feito na Manchúria. O povo japonês é forte porém a terra é pouca e ruim, por isso foram atrás de novas e melhores e mais terras, e na verdade o local e o povo local era atrasado, e enquanto ele fala mostra uma montagem da força militar e das estruturas modernas que eles estavam construído por lá. O Japão estava levando progresso para lá entre outros locais.
Outro momento é quando o pai da noiva (Setsuko), o Samurai está olhando o mar com a amiga alemã do protagonista ele faz um comentário poético que é fácil de entender que está dizendo que o Japão será uma muralha ali naquela região e para a Alemanha contar com eles que irão enfrentar e parar o Estados Unidos ali. Naturalmente anos depois fizeram filmes comemorando o sucesso de Pearl Harbor, inclusive com a Setsuko Hara.
Apesar de ser um filme com problemas de ritmo ainda acho que a parte da propaganda foi até bem feita e o conflito só protagonista bem menos desmiolado do que se poderia esperar.
Apesar do esforço do Japão em se modernizar eles não queriam, e o governo através do filme deixa bem claro, que eles não queriam perder a identidade milenar deles. A personagem alemã também não, ela é crítica do protagonista, fazendo ele não esquecer de onde vem. Há uma cena onde no hotel eles veem uma marcha de militares e ele olha e mostra para ela com orgulho e ela faz ele observar o passe deles, no mesmo ritmo, juntos, um exemplo de força coletiva, a mesma que estava construindo aquele Japão forte. Ela questiona se ele vi o individualismo que tanto quer agarrar ali.
A forma como ele fica desconfortável enquanto está no "Hotel Europa" e não consegue relaxar em bares ocidentais, e o impacto positivo de locais e atrações tradicionais japonesas tem nele seria muito bem feita se as montagens não fossem tão longas.
A parte estranha do filme é a personagem da Setsuko, desiludida após 8 anos se espera e dedicação e por acreditar que o noivo ama a alemã, não suporta o desespero e vai se matar em um vulcão.
Essa era uma opção? Hardcore.
É um filme interessante como registro histórico, ver a propaganda sobre a situação na Manchúria. O filme termina com um soldado como imaginem final de guarda no campo que a nova família está cultivando. Sorrindo para eles, cumprindo seu dever, mas terminando com uma expressão séria.
Pena que esses filmes devem ser muito difíceis de se conseguir, mais ainda com legendas.
Minha intenção era ver mais da Setsuko Hara e não fiquei satisfeita porque ela aparece pouco e fala pouco. Parece que por papéis como esse ela foi vista como "heroína trágica" durante boa parte da carreira. Pelo menos valeu para ver que ela sempre teve aquele sorriso e aquela capacidade de mudar rapidamente para uma expressão seria e triste.
Shin Godzilla
(Japão, Anno Hideaki|Shinji Higuchi 2016)
Cansei de esperar a versão completa e assisti.
Por quê Eva 3.33 foi tão ruim?
Acho que é o primeiro filme de Godzilla japonês que assistir, e isso me fez dar vontade de assistir ao original.
É um filme bacaninha porque sabem... sinto como se muitos filmes americanos do gênero sofrem por causa do Spielberg. Ele é um bom diretor e fez bons filmes do gênero como Jurassic Park com um drama meio familiar no meio, e muitos se inspiraram nisso e tentaram fazer igual, sem sucesso. O maior problema não era em falhar em fazer o mesmo, era em insistir em usar aqueles elementos mesmo onde eles não eram a melhor opção para um melhor filme. Esse filme não tem disso, o drama que tem é político. Quando um Godzilla aparece em uma grande cidade quem tem que enfrentar a situação são os políticos e os militares, pensando todas as responsabilidades de seus cargos e repercussões futuras de suas ações, e o filme é sobre isso.
Há um conflito entre burocratas, militares, e forças externas.
Penso que o filme não toma partido de nenhum, mostra que nenhum deles estaria preparado ou teria razão em sua melhor solução para o problema. Quem consegue pensar na solução que funciona no final e trabalha quase sozinhos para isso são os desajustados dentro de todos os setores envolvidos (incluindo externos).
No fim o filme deixa uma espécie de mensagem que parece dizer que é necessário renovação, no modo de pensar, nas pessoas responsáveis, que o ataque do Godzilla apenas exacerbou e tornou mais visíveis problemas que sempre existiram e estavam ali atrapalhando a sociedade (e o mundo).
É uma visão interessante, e sinto que faz sentido vindo do Anno, e também faz sentido ele conseguir dizer tudo isso sem ridicularizar ninguém e mostrar como todos os lados conseguem ser fodas e bacanas de ver e torncer.
Dispensa comentários o Godzilla, o CG é adequado e ele é uma criatura bizarra, as cenas de destruição que ele causa são memoráveis.
Depois de assistir ao Shin Godzilla fiquei com vontade de assistir ao original, e foi bem melhor do que eu imaginava!
Tenho que começar falando da música, eu não conhecia o Akira Ifukube, ele é muito bom! Ele é como um Shiro Sagisu das antigas! Aliais, quase todas as músicas do Shin são do filme original! Eu que já tinha comentado que as músicas de filmes antigos dessa época, década de 1940-50 até 1960 não chamavam muito atenção, fiquei surpreso ao ouvir músicas tão fortes já nos segundos iniciais.
Excelente isso, e as músicas não carregam o filme sozinhas.
Para algo tão antigo as cenas do Godzilla, a destruição em geral, a construção de tensão, é nível Jurasic Park 1.
E por falar nisso, comentei sobre a "má" influência do Spielberg em filmes do tipo, e aqui por mais que o drama seja político há menos personagens e por isso eles tem um pouco mais de personalidade e drama pessoal. Serve mais para apimentar um pouco e o público simpatizar com alguém em particular na história, porque no fim o maior drama entre os personagens envolve uma decisão que tem motivação política, mais do que apenas pessoal.
São filmes diferentes, por mais que o Shin possa ser visto como um leve remake, eles tem propostas diferentes. O Shin não ter personagens que se destacam em um aspecto pessoal não é problema, ele funciona daquele modo. E esse aqui funciona do seu modo.
Agora depois de assistir dá para entender bem por que é que esse filme teve tanto impacto e ainda tem até hoje.
O Godzilla nasceu em um contexto político e funciona muito bem servindo de desculpa para fazer discurso sobre questões políticas e militares. No filme um personagem tem uma invenção que pode matar o Godzilla, só que se pode matar algo como aquilo é porque tem muito poder destrutivo e ele não quer que seja transformado em arma, ele quer manter segredo até descobrir uma forma segura de a descoberta dele ser usada para algo positivo. Ele não quer "escalar" a corrida armamentista ainda mais, adicionar ao já terrível arsenal da época.
O Shin Godzilla também tem um pouco disso. O Godzilla é tão poderoso porque ele consegue se adaptar e evoluir muito rapidamente para sobreviver. Ele faz isso ao sair do mar, evoluiu para um ser terrestre. Depois quando volta ele está mais forte mas não causa muito estrago além de pisotear o que houver no caminho dele, as armas que usam não tem efeito então ele continua o mesmo. É apenas quando os bombardeiros USA usam armas mais poderosas que conseguem causar dano nele que o Godzilla se força a evoluir para sobreviver e causa toda a destruição na cidade. É uma corrida armamentista, a cada arma mais poderosa que usam se torna necessário usar uma ainda mais poderosa e destrutiva, cena fica claro esse dilema para a equipe que está buscando uma solução não agressiva. Se usarem uma arma nuclear e o Godzilla não morrer imediatamente, o que virá depois?
Falar nisso... é incerto o que a cena pode querer dizer exatamente porque os japoneses não conseguem superar isso, parecem que eles tem fetiche. Quando o Godzilla é atacado pelos bombardeiros USA e reage, a destruição que ele causa é uma reprodução dos danos causados pelos bombardeios durante as chuvas de fogo na segunda guerra.
Não devo assistir outros Godzilla clássicos, mas devo assistir Shin Godzilla 2 que certamente deve acontecer, o filme deixou um grande cliffhanger.
Rebirth (Youkame no semi)
(Izuru Narushima Japão, 2011)
Esse filme foi melhor do que eu esperava, porque poderia ter sido um dramalhão sobre a situação narrada e não foi, foi apenas um drama, com uma boa atenção para o lado psicológico das personagens. A sequestradora estava errada sim, mas que ela também foi uma "vítima" da situação. Ela e o casal envolvido, os três erraram uns com os outros, levando o outro a cometer erros cada vez piores culminando naquela situação. E não terminou com o fim dela, a volta da criança para o lar, então foi interessante ver isso.
Só que o filme foi uma decepção porque o último ato é lento e arrastado, e quando esperava que fosse voltar a andar e concluir a história o filme terminou repentinamente. Como se o roteiro e diretor não tivessem ideia de como concluir a história, uma pena.
The Last War(Sekai Daisensô)
(Shûe Matsubayashi | Japão, 1961)
Tomei a liberdade de assistir um filme fora da minha lista.
16 anos após o fim da guerra o Japão está reconstruído, mas há tensão no ar entre a Federação (EUA) da qual o Japão faz parte e a Aliança (URSS). Acompanhamos um motorista de políticos do parlamento japonês, sua família, sua filha e seu noivo que é marinheiro, e o gabinete japonês tentando articular conversas para acalmar ânimos e evitar a escalada do conflito que inevitavelmente irá fazer chover armas atômicas.
É um filme interessante de ver.
As famílias não podem fazer nada.
Os políticos se esforçam e parece que conseguem chegar na paz mas o erro de uma única pessoa, um único tiro disparado pode colocar tudo a perder e iniciar uma guerra.
Os armamentos de prontidão são sujeitos a erros, há casos onde dá problema em um equipamento e quase provocam o fim do mundo por acidente (aconteceram vários casos desses de verdade). Mas eventualmente vem ordem de atacar e os militares responsáveis por apertar os botões podem fazer nada além de chorar.
Não há motivos para guerra, não há uma história do porquê os dois lados estão se desentendendo, não há discursos, não há retóricas. Apenas pessoas querendo viver e torcendo para o mundo não acabar, e no fim elas apenas sabem que a humanidade falhou consigo mesmo.
Bacaninha.
Bons efeitos visuais para a época.
Bacana também pensar que essa época, 1961, foi um ano antes da crises dos mísseis. Claro que houveram outras crises menores na época, e o filme toma a liberdade de fazer uma ogiva leve ser usada na Coreia do Norte como o MacArthur queria e mostrar como isso banalizaria o uso e tornaria muito mais fácil uma merda irreversível e irremediável.
Quem assistiu Ghost in the Shell, o que vocês entenderam como "mensagem" do filme? Tem algo a ver com "consentimento".
Estou pensando sobre o filme e é complicado. No final a Major faz discurso de que se é o que se faz, só que ela estava fazendo o que forçaram ela a fazer. Começa a discutir o que é ser humano e tropeça na discussão de que é fundamental ter o direito de escolha, mas novamente, ela não escolheu ser, ela escolheu apenas aceitar no que foi transformada, contra sua vontade, para ser.
O Kuze também tem uns tropeços lógicos. De ativista contra a ciborguização ele deu um 360 e passou a ser pró transcendência.
E o Aramaki não cometeu um crime no final ao quebrar a hierarquia?
Enfim, para quem conhece o original é um filme estranho porque decidiram recriar cenas do original e o roteiro é forçado a se encaixar nessas cenas ao invés de ter liberdade de se desenrolar de modo mais fluido, e as cenas não se justificam tão bem desse modo. Ignorando isso é só mais um blockbuster padrão roliúdi, com umas palavrinhas atuais jogadas no meio.
Cont.
Tenho a sensação de que o filme fez uma má escolha ao incluir essa questão do consentimento. Mesmo naquela situação do filme você mal pode dizer que é algo que dá para discutir e concluir apenas no âmbito pessoal e individual.
Havia questões políticas envolvidas ali em volta de onde vem os conflitos da história, e é o filme excluiu a sociedade e a política do filme. Sociedade é grupos de pessoas tentando combinar seu consentimento de como viverem juntos, e na política será uma minoria gerenciando discordâncias. Há muita situação e decisão que você aceita sem o seu consentimento, que não é você que decide. A Motoko era ativista e parecia ser contra ciborguização mesmo com consentimento. Isso não foi discutido pelo filme, ainda mais naquela cidade sem identidade e tão artificial e sem vida.
Ah, tive um sensação de já ter visto muito desse filme em Robocop, a Motoko sendo transformada sem saber, encontrando família, médico ajudando a fugir... só que achei Robocop melhor.
Cont. 2
E o Kuze? Ele foi para a rede?
Mas como é qual rede?
Quando encontram o esconderijo dele ele mostra uma rede que construiu usando pessoas que capturou acho, ele diz que está construindo aquela rede isolada para habitar nela, mas essa rede foi destruída quando invadiram o lugar certo? Então para onde ele foi, e como?
Gente, alguém que assistiu esse filme pode me dizer, você entendeu?
Eu não entendi esse filme.
Tenho a sensação de que o início tem detalhes que eu deveria ter entendido porque são importantes, e o final é explicado por detalhes que eu não faço ideia.
Não consigo entender o que aconteceu aqui!