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Canterbury Scene


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10 respostas neste tópico
 #1
Uns músicos na década de 60-70 decidiram criar as músicas mais fodas já feitas na face no universo misturando prog rock, psicodélico e jazz.

OK, na verdade a Canterbury Scene é definida segunda a internet como um grupo de bandas com troca-troca de membros. Essa cena iniciou-se com a banda Wilde Flowers, que não lançou nenhum disco, mas que deram início ao Soft Machine e o Caravan.

Algumas bandas desta cena: Soft Machine, Caravan, Gong, Hatfield and the North, National Health, Camel, Egg, Henry Cow, Khan, Matching Mole.

E algumas músicas:










Eu ainda tenho muita coisa pra ouvir dessa cena aí, mas estou literalmente pirando em cada álbum que ouço.

Sei que tem alguns usuários ouvindo também, gostaria de saber suas opiniões e quais álbuns vcs tão pirando.
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 #2
Bem... vou postar minha música predileta do Soft Machine.

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 #3
Minha música preferida do Soft Machine é
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 #4
A Certain Kind é uma música foda demais também.
Aliás, esse primeiro álbum do Soft Machine tem uma capacidade de expressão que é foda pra caralho. As músicas criam uma melodia contagiante como base, mas acabam virando jams extremamente intensas e experimentais. A seleção de timbres também é muito interessante: é difícil de acreditar só 3 instrumentistas conseguem fazer um som tão rico em textura. Acho que o Wyatt virou meu batera predileto... UAHSUAHSUAHS

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 #5
Bom tópico, boa temática. Essa cidadezinha tem duas das minhas bandas favoritas e alguns dos melhores discos da história do rock progressivo.

Só pra começar fica ai um adendo, Camel não faz parte da cena de Canterbury, eles são uma banda de Londres e tocam mais prog sinfônico.

Acima de tudo o rock progressivo de Canterbury tem raiz forte no desenvolvimento do seu próprio estilo de jazz. Também na sua origem influenciada pela psicodelia da época. E o que torna essas bandas tão especiais? O simples motivo do que eu disse não querer dizer nada.

De verdade poucas bandas são de lá de fato. Os dois grupos com maior influência e contribuição são Caravan e Soft Machine (ambas saindo do The Wilde Flowers). Um cara que estava envolvido com o Soft Machine se mudou pra França e lá começou uma banda inspirada nas ideias que surgiam no meio. Ele e sua mulher juntou um bando de hippies e fez o Gong e com essas três bandas nos últimos suspiros dos anos 60 foram os pioneiros da cena.

Neste post vou comentar minhas impressões sobre Caravan e o que me faz gostar tanto desta banda:

Primeiro disco do Caravan em 68, autointitulado, é um grande exemplo do começo de tudo ali. Rock estranho, claramente baseado no psicodélico da época, mas com temáticas bem aleatórias, talvez relevante para a região. A atmosfera na música era às vezes calma e às vezes sombria, o teclado proeminente é a estrela do disco, mas sempre bonito e já dando sinais do que a banda viria a ser nos próximos 4 lendários discos. Os samples de jazz ao estilo deles não foram foco ai, a impressão forte que dá é de tentativa com vários tipos de músicas. Com certeza o ponto alto do disco é a faixa final (que inclusive tem o quote da minha sign na letra) :



~X~

O "If I Could Do It All Over Again, I'd Do It All Over You" é a versão aprimorada e mais focada do primeiro disco. A banda parece que fincou suas raízes, fez tudo com mais convicção e capricho. Neste disco as melodias são bem trabalhadas, os instrumentais são belos e intensos ao mesmo tempo. Algumas características que a banda levou estão presentes ai e bem mais claras que anteriormente; seus temas e estilo britânicos; algumas músicas que contam histórias bem humoradas; o início do jazz caravanico (base harmônica de jazz com variações feitas pela guitarra e teclado); a marca da psicodelia de sua origem com algumas citações sobre drogas e as viagens que os personagens das canções ocasionalmente fazem, não ligando muito para a opinião alheia, cenários abstratos e tentando passar mensagens positivas. E como paralelo ao rock progressivo inglês em geral? Provavelmente somente as faixas "Astoferi 25" e "Can't be long now / Françoise / For Richard / Warlock" segue mais a linha de progressão musical que dá o nome ao gênero, no mínimo peculiar haha.


Diferentemente do disco anterior, o som deles aqui é genuinamente singular. Cada música tem alma e cuidado sem par, alias, minto, a paridade é exatamente o disco anterior. Por que? Simples, basta ouvir ambos e constatarás que o "If I Could" é uma melhoria do que eles haviam feito. 


É exatamente por isso que escolher uma melhor para esse disco é muito difícil. A faixa "With An Ear To The Ground / Martinian / Only Cox / Reprise" é uma remodelagem de ideias da "Where But For Caravan Would I?"; outra faixa que merece destaque é a "And I Wish I Were Stoned / Don't Worry", faixa linda, a harmonia ressalta uma calma e beleza que não falham em sensibilizar o ouvinte. No fim acho que ficarei com a "Can't Be Long Now / Françoise / For Richard / Warlock", simplesmente por ser fã de rock progressivo e essa faixa misturar o que há de melhor em Caravan, é definitivamente uma das 5 melhores da banda.






~X~


Então o aclamado "In The Land Of Grey And Pink". A afirmação máxima do que eles já vinham progredindo. Não arrisco dizer que é o melhor disco deles, já que eu gosto igualmente do "If I Could", mas é com certeza o disco mais maduro e sólido da banda.


Como são apenas 5 faixas vale a pena ir num música por música:


Golf Girl é a primeira e como de praxe abre o disco com o lado mais humorístico da banda. Essa música é extremamente britânica em sotaque, temática e ambientação, também é mais uma das músicas românticas. Sobre a sonoridade ela tem um toque único com o uso do mellotron para orquestração além do costumeiro hammond, se destaca o uso agitado e certamente inusitado da flauta.


Logo em seguida vem a famosa Winter Wine. Clássico do rock progressivo, provavelmente a música mais famosa do Caravan. Pequena jornada por um mundo de fantasia e sonho, viradas incríveis que foram repetidas incontáveis vezes no prog rock e no prog metal, talvez por combinar com um estilo mais alto e "pesado". Enfim, tanto faz, o que importa é que nada mais precisa ser dito hu@.


Love To Love You (And Tonight Pigs Will Fly) é a próxima, mais uma música romântica, calma e agradável. 


In The Land Of Grey And Pink é uma música com instrumental proeminente. A música toda é basicamente uma harmonia base repetindo-se e variando suavemente, o baixo e o violão dão uma base rítmica para o teclado dar toques sutis a melodia. Mais uma música que leva uma das características da banda, os resquícios de psicodelia na temática. Outra música bem popular da banda e não há de se estranhar isso, convenhamos.


E finalmente a magnum opus do disco, talvez a melhor da banda toda. Aqui na Nine Feet Underground eles fazem a maior mistura entre a interpretação própria do jazz, os elementos progressivos e o detalhe fantástico que só essa banda poderia dar a uma música. Ela é como uma grande síntese do que pode-se buscar ao ouvi-los, também a melhor performance individual de cada sujeito até então (principalmente o músico convidado Jimmy Hastings na flauta e saxofone). Simplesmente palavras não podem descrever essa música, ela fala por si mesma:



~X~

Waterloo Lily por sua vez é mais voltado ao estilo jazz e temas caseiros. O disco é gostoso de ouvir, mas de uma forma diferente, não é mais tão acolhedor, tem um pouco mais de passagens instrumentais e improviso; acho que a principal mudança na sonoridade é o uso de vários outros instrumentos. De fato o disco soa mais produzido que os anteriores, mas ainda fiel ao próprio estilo. É o primeiro disco sem o tecladista David Sinclair.

Pra mim os pontos altos do album são: 

Waterloo Lily por ser a música mais folclórica e caseira que eles fizeram nos seus 5 primeiros discos.

Nothing At All contém a mais genuina improvisação de jazz deles, parece que o uso do piano de verdade foi essencial na sonoridade. A sensação que passa é de realmente liberdade, a música não segue linhas fixas e ainda assim não foge do jeito convencional deles de fazer música.


The Love In Your Eye é a melhor do disco pra mim. O trabalho de piano e guitarra são incríveis, todos os outros instrumentos na mistura que inclui trompete, flauta, saxofone e oboé se encaixam perfeitamente. Aqui o arranjo e a progressão são mais progressivas, o que deixou ela especialmente caprichada. 



~X~

Por fim o último disco que comentarei sobre: For Girls Who Grow Plump In The Night.

Aqui uma coisa interessante acontece. A banda faz um disco diferente do que costumava fazer, deixando de um jeito claro: mais rock. As músicas tem temáticas um pouco mais diversificadas, talvez essa é a prova definitiva que a banda tinha talento para fazer o que bem entendesse do jeito deles e ficaria bom.

Novamente é um disco com vários artistas convidados para enriquecer a música. A saída do Richard Sinclair (para formar o Hatfield and the North) e a volta do David Sinclair para os teclados foi o principal motivo do jazz estar fora de foco aqui e o uso de ritmos mais agitados (dançantes, como eles diziam na Inglaterra). 

Para quem não está acostumado com o prog rock de Canterbury vai achar esse disco o mais acessível. Mas o disco é bom pra caramba mesmo, mesmo agregando outras frentes da música eles ainda fizeram o progressivo que lhes era familiar. 

Na minha opinião os pontos altos são: 

Memory Lain, Hugh / Headloss com sua introdução meio country feita com viola, ritmo animado durante as partes com letra e batida mais hard rock (principalmente a guitarra e a bateria intensa).


C'thlu Thlu com seu tom tenebroso que é quebrado pelo refrão cantado no estilo pop e do meio ao fim rola um som atmosférico e obscuro a lá King Crimson, me lembra Blue Oyster Cult também. O baixo é a estrela da música definitivamente.


The Dog, The Dog, He's At It Again é tipo um rock dos anos 60 feito com o cuidado especial do progressivo. Música melódica e nostálgica.


L'auberge du Sanglier / A Hunting We Shall Go / Pengola / Backwards / A Hunting We Shall Go que é o principal trabalho do disco. Coincidentemente ou não eles sempre botam as melhores como últimas faixas. Música mais sinfônica deles, a que soa mais grandiosa. Ela não é necessariamente um exagero de teclado com tom alto, tema medieval/barroco proeminente, é só o jeito que a música segue, ela dá essa sensação de majestosidade. O violoncelo elétrico ajuda a dar essa impressão forte, há vários sons acontecendo de forma harmoniosa e que evoluem de acordo com o ritmo dado, a própria definição de rock progressivo.








É isso folks, sábado eu faço um desses para Soft Machine e o resto eu penso no caso.
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 #6
Camel é Canterbury mesmo sem ser da cidade. Na época não havia esta definição de Canterbury Scene. Isso só foi surgir muitos anos depois, e foi mais por músicos que tocaram nas bandas, do que por cidade ou semelhança musical. No caso no Camel tinha musicos em comum com outras bandas da cena, por isso entra na categoria segundo a definição clássica.
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 #7
(25/09/2013, 23:54)Thanos Escreveu: Camel é Canterbury mesmo sem ser da cidade. Na época não havia esta definição de Canterbury Scene. Isso só foi surgir muitos anos depois, e foi mais por músicos que tocaram nas bandas, do que por cidade ou semelhança musical. No caso no Camel tinha musicos em comum com outras bandas da cena, por isso entra na categoria segundo a definição clássica.

Além dos irmãos Sinclair tiveram mais membros da cena Canterbury no Camel?
Tipo, eles ficaram muito pouco tempo na banda para definí-la como Canterbury...
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 #8
(25/09/2013, 23:54)Thanos Escreveu: Camel é Canterbury mesmo sem ser da cidade. Na época não havia esta definição de Canterbury Scene. Isso só foi surgir muitos anos depois, e foi mais por músicos que tocaram nas bandas, do que por cidade ou semelhança musical. No caso no Camel tinha musicos em comum com outras bandas da cena, por isso entra na categoria segundo a definição clássica.

O que considera-se atualmente parte de cena é semelhança musical e influência direta. Se tu der uma olhada nos discos verá que o Camel já havia feito os principais discos (Mirage, The Snow Goose e Moonmadness) antes do Richard Sinclair entrar na banda. 

Bandas que não são nativas mas consideradas parte da cena são as francesas influenciadas pelo Gong (que saiu de Canterbury), as inglesas que tiveram contato direto com o começo da cena como Egg e Khan, posteriormente Quiet Sun e National Health. Algumas de outros países que faziam coisas parecidas tipo Supersister e Picchio Dal Pozzo.

Segundo a BBC a cena de Canterbury é composta por Soft Machine, Caravan, Hatfield and the North e Matching Mole. São as únicas bandas realmente locais.
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 #9
Citar:O que considera-se atualmente parte de cena é semelhança musical e influência direta.


Isto nem é possível, já que tal semelhança praticamente nem existe.

Canterbury como eu disse antes, não é de fato uma cena (como por exemplo cena italiana), e sim um constructo que inventaram anos depois.

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 #10
(26/09/2013, 01:11)Thanos Escreveu: Isto nem é possível, já que tal semelhança praticamente nem existe.

Canterbury como eu disse antes, não é de fato uma cena (como por exemplo cena italiana), e sim um constructo que inventaram anos depois.

Por que não seria? São duas bandas que partilham características semelhantes e influenciaram outras diretamente (pessoalmente). 

É como a cena italiana, só que em menores proporções.
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