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Entrevista com Sandra Monte


1 respostas neste tópico
 #1
O blog Vamos Falar de Anime…? agradece profundamente a jornalista Sandra Monte por ter nos concedido gentilmente alguns minutos para que pudéssemos fazer esta grande entrevista.

Entrevista com Sandra Monte


Diante de um grande estudo jornalístico e uma incansável pesquisa com fundamentação histórica da animação japonesa no Brasil, surgiu o livro A Presença do Animê na TV brasileira.

Com este livro a jornalista Sandra Monte apresenta aos fãs de animação e cultura pop japonesa os primeiros títulos dos anos 60 e 70, os grandes sucessos dos anos 80 e a explosão das obras dos anos 90, além de informações importantes para os pesquisadores e estudiosos da televisão brasileira.

Na entrevista abaixo, Sandra descreve a sua intenção ao começar este projeto, suas preferências particulares, e a mensagem que quis transmitir com esta obra.



1 – Como surgiu a idéia de escrever um livro sobre a história da animação japonesa na tv brasileira?

Bem… de certa forma, foi um mix de coisas. Nos últimos anos, percebi que há livros sobre a cultura pop japonesa. Mas, não há nenhum que fale desta relação do animê com a estrutura de nossa televisão. Achei que seria importante fazer um livro sobre esta relação. Além disso, também percebi que muitas pessoas se questionam em que momento todo o sucesso começou, como começou e as circunstâncias. Por isso, acredito que “A Presença..” possa acrescentar em conhecimento e quem sabe, inspirar outras publicações do gênero no Brasil.

2 – No livro é mencionado por você que muitos registros importantes foram perdidos no tempo, como foi esse trabalho de pesquisa? Foi muito difícil encontrar todo o material necessário para esta produção?

Foi difícil e ainda há muito que o se pesquisar, pode ter certeza. Lamentavelmente, as emissoras nunca deram lá muita atenção em guardar registros de animações, por isso, fica-se refém de publicações de época. Ou, da memória das pessoas.
3 – Você encontrou dificuldades para a publicação deste livro ou foi fácil a aceitação por parte da editora?

A aceitação pela editora foi fácil. Acho que o tema ajudou nesta aceitação.

4 – No livro é mencionado sobre a classificação indicativa e que diante disto os canais de tv aberta e paga não trazem a sua programação animês mais ‘violentos’, ou quando o fazem há muitos cortes de cenas. Você acredita que devido a isso a animação japonesa exibida em nossa tv perdeu um pouco da credibilidade com os fãs mais assíduos?

Os animes não perderam a credibilidade. Quem perdeu, pelo que vejo, foram as emissoras. Os fãs simplesmente vêem os animes pela internet, já que na TV muitos são podados.

5 – Outra questão perceptível é que muitos canais exibem diversas vezes as mesmas temporadas do mesmo animê fazendo que o os fãs utilizem a internet como meio de conseguir as temporadas seguintes, deixando a tv um pouco de lado. O que você acha sobre isto?

Pois é… esta é uma questão cavernosa. Por exemplo: Super Onze ainda está em exibição no Japão, não dá para a Rede TV simplesmente comprar a fase atual. Mas, Naruto já foi reprisada mil vezes. Como não existe uma “constante” de exibição no Brasil, os fãs partem para a pirataria. Entretanto, acredito que deveriam ver na televisão o que passa, justamente para dar Ibope.
Se, por exemplo, a audiência de Super Onze começar a cair muito, a Rede TV não comprará mais nada… É a premissa do capitalismo na TV. Só vale a pena se tem audiência e com isso eu tenho lucro…

6 – Falando um pouco de você, como surgiu essa paixão pelos mangás e animes?

Desde criança, sempre gostei muito de desenhos animados. De todos os estilos. Mas, apesar de ter visto muitas animações japonesas como Don Drácula ou Honey Honey, foi somente em 94 que me interessei pelo gênero, com Cavaleiros do Zodíaco. Animê este, que é o divisor de águas no Brasil.

7 – Quais sãos suas histórias favoritas?

De mangás, curto A Rosa de Versailles, Fushigi Yuugi, Maison Ikkoku, Ranma ½. Não parece, mas tenho um gosto menininha, hehehehehe.
De animes, InuYasha, O Castelo Animado, Paprika, Tokyo Godfathers, Ranma ½, Maison Ikkoku. Ah, claro, sou fã confessa de Rumiko Takahashi, apesar de não ter visto alguns títulos como Rinne e pouquíssimo de Lum.

8 – Você está trabalhando neste universo da cultura japonesa a mais de 9 anos, foi difícil entrar e se manter neste mercado?

Foi difícil. Em verdade, parece que está mais difícil agora. Como falo coisas que muita gente não gosta, como alguns fãs e empresas, minha atuação acabou ficando meio complicada. O que as empresas (especialmente) não entendem, é que o que digo é para melhorar o mercado. Mesmo sendo coisas duras. O que percebo hoje é que perdi “regalias” porque cansei de “babar ovo” e não ver o mercado ir para frente no Brasil. Em parte, por culpa dos fãs, mas outra parte, por culpa das empresas.

9 – Há alguma dica para os novos jornalistas que queiram também trabalhar nesta área?

Bem… Primeiro: esta área é muitíssimo restrita. Segundo: tentar conciliar o lado fã do lado jornalista. É muito fácil a pessoa se sentir “seduzida” com o fato de saber das coisas antes, achar que isso é importante. Quão, na verdade, o importante é saber se o que a pessoa tem conhecimento será ou não bom para o mercado. Ter discernimento é fundamental. Fã é fã, jornalista é jornalista.

10 – Já li de muitos autores que eles sempre passam um tipo de mensagem com seus livros, que tipo de mensagem a Sandra quis passar ao seu leitor?

Quero que o leitor do livro entenda que há razões para tudo. Que há momentos históricos para tudo. Que um anime faz ou deixa de fazer sucesso por diversas circunstâncias. E que ele, leitor, deve sempre contextualizar tudo. Afinal, nada no mundo acontece isoladamente. Com animes não é diferente.

E é isso aí, um super abração! ^___^x (este x é referente ao Kenshin)

Sobre a autora:

Sandra Monte é formada em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi. Foi aluna ouvinte da disciplina Leitura Crítica de Histórias em Quadrinhos, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Trabalhou como redatora e repórter o site Herói e fez diversos textos referentes à animação japonesa para revistas e sites. Atualmente, tem seu próprio site informativo chamado Papo de Budega.
[Imagem: a-presen+%C2%BAa-do-anime-na-tv-brasileira.png]
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 #2
Bem interessante, toma meu like.
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