29/12/2014, 14:26
(Resposta editada pela última vez 30/12/2014, 11:12 por Keiki.
Motivo da Edição: imagens
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Kaguya Hime no Monogatari
Um excelente exemplo de que o Studio Ghibli não tem só o Hayao e que não é só ele que sabe fazer obras acima da média.
Este filme narra a vida de Kaguya, uma garota que nasce em um bambu (do Conto: O cortador de Bambu) e cresce rápido, assim como também aprende rápido. Ela é criada pelo cortador de bambu que a encontrou, um senhor humilde e simples, assim como a esposa dele. Assim, até determinado ponto de seus crescimento, Kaguya viveu nas montanhas brincando com outras crianças que viviam ali.
A continuação da sinopse é spoiler, mas pode ser lida em vários sites: {Spoler} O cortador de bambu encontra ouro e tecidos finos em outros troncos de bambus e acredita ser uma mensagem dos deuses pra que Kaguya se torne uma princesa... sendo assim, ele vai a capital todos os dias e constrói um palácio, após pronto, ele leva Kaguya pra lá pra que ela aprenda a viver como uma princesa e case-se com um nobre. {Spoiler}
Com uma arte diferente, este filme passa um ar de paz e tranquilidade de inicio... Mas por não se conter em evitar cenas e censurar qualquer nudez, o bobo mesmo como uma mãe dando de mamar, já dá pra se notar que não será um filme direcionado a todos os públicos. E o nome Isao Takahata faz crer ainda mais nisso. O que se inicia numa história alegre se torna um drama pesado e aflitivo.
A Seguir contém alguns "spoilers", mas nem são tão spoiler. rs
Após Kaguya ser obrigada a deixar sua vida de liberdade e seus amigos, tudo o que ela gosta começa a ser contido pelas etiquetas nobres do Japão feudal, as definições de beleza como "dentes pintados de preto, pó de arroz na cara, sobrancelhas pintadas" e também a definição de felicidade que as mulheres tem em ser submissas ao homem. Assim ela passa a querer ter aquela felicidade que tinha antes, sendo que até mesmo rir é algo banal na ética nobre das mulheres, o que entra em contraste com sua infância onde ela cresceu rindo.
Mas pra alcançar tal felicidade ela precisa de liberdade, o que é impossibilitado pelo amor que tem ao seu pai, o homem simples e humilde que a criou, mas se tornou cego pelas riquezas da nobreza e pelo objetivo de torná-la uma total princesa. Como ser feliz, se pra isso precisaria fugir de seus pais a quem ama? Não é algo que ficou totalmente claro, mas ficar longe de seus pais significaria solidão e talvez tenha sido essa a mensagem na cena em que festejam seu nome.
Seu desejo e necessidade ficam em conflito com o mundo em que vive, onde tudo o que ela é, é reprimido. Isso acaba gerando um conflito interno e Kaguya vai se tornando uma garota depressiva e séria, isso acaba afetando as pessoas em sua volta em formas positivas e negativas, mas chega ao desespero a situação de Kaguya onde ela aclama pra voltar as suas origens e ser salva da tristeza em que foi confinada.
Depois disso temos uma sequência final linda, brilhante e triste, muito triste.
Fim dos "spoilers".
Tudo isso conta com toda uma construção e desenvolvimento de Kaguya e o motivo pra eu dizer: É a melhor personagem das obras da Ghibli.
É fascinante ver tanta caracterização numa personagem e isso enriquece deliberadamente o roteiro do filme. Não sei até que ponto o conto original chega disso, se essa é uma adaptação fiel nessa caracterização da Princesa, ou se isso tudo foi detalhado pelas mãos do roteirista. Só tenho a dizer que foi impecável.
Enfim, é um filme pra aplaudir de pé, tanto pela parte técnica onde tem uma ótima direção, roteiro, trilha sonora tocante e uma animação incrível com sua arte peculiar, mas também por todo o sentimento passado por essa história.