(19/03/2014, 15:15)Kes Escreveu: Olha, pra nascer algo complexo como a música erudita a Europa precisou de milênios de erudição, não foi algo repentino nem ao acaso.
Existem situações que não podem ser solucionadas via politicamente correto, honestamente.
não é questão de politicamente correto o.O mas não dá pra ignorar que não era um meio onde negros teriam vez, então obviamente eles não participariam desse processo e não poderiam contribuir. a escravidão é uma parada que existiu e obviamente afetou vários aspectos culturais e sociais. não dá pra desassociar essa repressão da história mundial e suas implicações. a própria grande participação deles no blues e no jazz está associada a isso também.
se bem que pode ter existido e a gente só não sabe
o lance é que a apelação acaba com um dos propósitos da coletânea
que é conhecer novas musicas/bandas/cantores
daqui a pouco, sei lá vai ter gente jogando michael jackson/queen/eltonjohn/elvis/jimihendrix na rodinha...
e esses tipos de bandas/cantores não tem como você dizer que é ruim ou que a musica é ruim
eu mesmo me arrependi na primeira coletânea ao por Led Zeppelin
(19/03/2014, 19:31)Shouken Escreveu: o lance é que a apelação acaba com um dos propósitos da coletânea
que é conhecer novas musicas/bandas/cantores
daqui a pouco, sei lá vai ter gente jogando michael jackson/queen/eltonjohn/elvis/jimihendrix na rodinha...
e esses tipos de bandas/cantores não tem como você dizer que é ruim ou que a musica é ruim
eu mesmo me arrependi na primeira coletânea ao por Led Zeppelin
(19/03/2014, 19:12)anachan Escreveu: não é questão de politicamente correto o.O mas não dá pra ignorar que não era um meio onde negros teriam vez, então obviamente eles não participariam desse processo e não poderiam contribuir. a escravidão é uma parada que existiu e obviamente afetou vários aspectos culturais e sociais. não dá pra desassociar essa repressão da história mundial e suas implicações. a própria grande participação deles no blues e no jazz está associada a isso também.
se bem que pode ter existido e a gente só não sabe
O que eu falei foi respondeu seu post de que a culpa disso é a escravidão, e não é, porque a música erudita nasceu muito antes da escravidão ser um fator relevante. Veja antes da escravidão massiva de africanos todos os povos se escravizam, a ponto da palavra em inglês derivar de 'slaves', porque se referia aos eslavos, que eram brancos. Se os negros seriam grandes compositores eu não sei, nem tenho como saber, só estou dizendo que objetivamente isso não tem nada a ver com escravidão.
(19/03/2014, 21:03)Kes Escreveu: O que eu falei foi respondeu seu post de que a culpa disso é a escravidão, e não é, porque a música erudita nasceu muito antes da escravidão ser um fator relevante. Veja antes da escravidão massiva de africanos todos os povos se escravizam, a ponto da palavra em inglês derivar de 'slaves', porque se referia aos eslavos, que eram brancos. Se os negros seriam grandes compositores eu não sei, nem tenho como saber, só estou dizendo que objetivamente isso não tem nada a ver com escravidão.
Senhor Vaca, apesar de todo o meu profundo respeito pelo seu conhecimento musical, arrisco a dizer que seus conhecimentos históricos estejam um pouco errados. Como leitura básica eu recomendaria bastante o clássico "História Social do Jazz" do Erich Hobsbawm.
Bem... vamos aos negócios.
É um preconceito, para não dizer uma simplificação perigosa afirmar que não haviam negros na musica erudita americana nos séculos XVIII e XVI, lembro-vos que recentemente o próprio filme "12 anos de escravidão" mostra um negro violinista. A igreja (seja a católica ou a presbiteriana) sempre foi uma das principais mantenedoras da musica erudita no novo mundo era fato comum negros serem treinados como musicistas. Agora, se formos falar de alta-cultura no início do século XX (período de formação do Jazz e do Blues) é fato conhecido que existiam clubes para negros e para brancos (no Brasil tbm) e que muitos negros eram barrados, msm como instrumentistas nos salões para brancos, mas n era incomum que eles preenchem parte da banda.
Não há uma divisão clara sobre o que é musica erudita e popular nesse período, as duas se intercambiam e se alimentam mutuamente.
Em suma, sim... a escravidão tem um papel importantíssimo na formação musical americana, mas afirmar que se trata de uma tradição endógena (isolada) da musica erudita ou de câmara é tão falso quanto afirmar que brancos n fazem blues ou jazz.
(19/03/2014, 21:53)Lucas Medeiros Escreveu: Senhor Vaca, apesar de todo o meu profundo respeito pelo seu conhecimento musical, arrisco a dizer que seus conhecimentos históricos estejam um pouco errados. Como leitura básica eu recomendaria bastante o clássico "História Social do Jazz" do Erich Hobsbawm.
Bem... vamos aos negócios.
É um preconceito, para não dizer uma simplificação perigosa afirmar que não haviam negros na musica erudita americana nos séculos XVIII e XVI, lembro-vos que recentemente o próprio filme "12 anos de escravidão" mostra um negro violinista. A igreja (seja a católica ou a presbiteriana) sempre foi uma das principais mantenedoras da musica erudita no novo mundo era fato comum negros serem treinados como musicistas. Agora, se formos falar de alta-cultura no início do século XX (período de formação do Jazz e do Blues) é fato conhecido que existiam clubes para negros e para brancos (no Brasil tbm) e que muitos negros eram barrados, msm como instrumentistas nos salões para brancos, mas n era incomum que eles preenchem parte da banda.
Não há uma divisão clara sobre o que é musica erudita e popular nesse período, as duas se intercambiam e se alimentam mutuamente.
Em suma, sim... a escravidão tem um papel importantíssimo na formação musical americana, mas afirmar que se trata de uma tradição endógena (isolada) da musica erudita ou de câmara é tão falso quanto afirmar que brancos n fazem blues ou jazz.
Eu já li o livro. E bem, eu não falei que não havia 'negros', eu me referi a deixar 'marcas', isto é, influenciar consideravelmente o gênero. Lembrando que falar em música erudita americana nos séculos XVIII e XVI já é um tremendo exagero, já que os EUA apenas despontaram musicalmente bem depois disso. E a distinção entre erudita e popular na época era clara sim, ao menos na Europa (claro que havia intersecção, pois mesmo compositores eruditos sempre tiraram influência do popular, mas isto não anula o fato da composição em si ser erudita). Foi somente o jazz, e bem depois (em pleno século XX) quem inseriu um elemento de confusão aí. Mas veja, isso é muito depois.
Enfim, não estou sendo preconceituoso. O objeto em questão era: negros não foram determinantes na música erudita ou não. Alguém pode alegar inúmeros fatores para demonstrar isto, mas não muda o fato de que não ocorreu. Citar violinista não ajuda muito, pois a música erudita depende muito mais de compositores do que de intérpretes. Ninguém em sã consciência nega que os negros são músicos refinados e espetaculares, pois o jazz demonstra isto claramente.
Vocês podem justificar o porquê do 'não', mas aí é outra história.
Honestamente, assim como ninguém duvidaria duas vezes de admitir que a contribuição negra no jazz foi infinitamente superior à dos brancos por que diabos precisam de tanta ladainha para admitir que a contribuição branca na música erudita foi infinitamente superior ao dos negros? Isto não é ser racista. Negros não se tornam inferiores nem superiores porque não terem participado da música erudita ativamente. Não precisam ver nisso uma discussão profundamente étnica.
(19/03/2014, 22:07)Kes Escreveu: Eu já li o livro. E bem, eu não falei que não havia 'negros', eu me referi a deixar 'marcas', isto é, influenciar consideravelmente o gênero. Lembrando que falar em música erudita americana nos séculos XVIII e XVI já é um tremendo exagero, já que os EUA apenas despontaram musicalmente bem depois disso. E a distinção entre erudita e popular na época era clara sim, ao menos na Europa (claro que havia intersecção, pois mesmo compositores eruditos sempre tiraram influência do popular, mas isto não anula o fato da composição em si ser erudita). Foi somente o jazz, e bem depois (em pleno século XX) quem inseriu um elemento de confusão aí. Mas veja, isso é muito depois.
Enfim, não estou sendo preconceituoso. O objeto em questão era: negros não foram determinantes na música erudita ou não. Alguém pode alegar inúmeros fatores para demonstrar isto, mas não muda o fato de que não ocorreu. Citar violinista não ajuda muito, pois a música erudita depende muito mais de compositores do que de intérpretes. Ninguém em sã consciência nega que os negros são músicos refinados e espetaculares, pois o jazz demonstra isto claramente.
Vocês podem justificar o porquê do 'não', mas aí é outra história.
Honestamente, assim como ninguém duvidaria duas vezes de admitir que a contribuição negra no jazz foi infinitamente superior à dos brancos por que diabos precisam de tanta ladainha para admitir que a contribuição branca na música erudita foi infinitamente superior ao dos negros? Isto não é ser racista. Negros não se tornam inferiores nem superiores porque não terem participado da música erudita ativamente. Não precisam ver nisso uma discussão profundamente étnica.
Tu e Ana levaram isso a ser uma questão étnica, só atentei para o fato de que não são dois universos separados. Para poder falar especificamente sobre musica erudita teria de conhecer os autores e compositores e eu de nada conheço sobre eles. Poderia falar do Brasil que é algo que tenho um domínio maior, mas a marca da escravidão no Brasil é diferente da norte americana.
Não se trata de musica étnica (apesar de vários autores discordam disso), apenas de considerar que um tipo de musica convencionada erudita possui uma história própria que por mais que tenha aproximações não é próxima da musica popular norte americana, sendo assim, pergunto... qual o mérito msm de estarmos discutindo isso?