Isso na realidade é um one-shot, digamos assim, a história fala sobre um garoto que um dia começa a viver em um loop temporal sem razão alguma.
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A vida nem sempre é o que queremos. Eu mais que ninguém sei disso.
Uma vida ordinária, era tudo que eu tinha.
Durante muito tempo eu estive numa rotina tediosa, eu era um antissocial que não conseguia me conectar com as pessoas. Exceto via internet, lá eu liberava um novo eu apenas pelo fato de não ter que encarar ninguém.
Há milhares de conteúdos disponíveis para minha vida mudama não parecer tão mudama, eu olhava para aquilo tudo e via uma chance. Uma chance de tentar interagir, enganar minha própria mente dizendo que eu conseguia ter amigos em algum lugar. Mas eu só me enganava.
Eu sabia que no fundo que o antissocialismo era sem fim em mim, mesmo na rede, mesmo com tantos assuntos, eu conseguia me isolar ainda. Conseguia afastar até as pessoas que eu nunca frente a frente de uma forma impressionante e nada que eu tentasse fazer mudava isso. Eu afastava até com quem eu me dava bem.
Meu hobbie favorito era assistir as coisas, desde o que as pessoas escreviam, até assistir outras coisas como filmes e seriados. Eu tentava sempre resenhar, mesmo não sendo tão bom nisso, eram resenhar em boa parte genéricas, mas para me enganar, eu fingia que algumas eram boas.
Assistir os outros sempre me deu prazer, eu queria ajudar a todos de alguma forma, eu olhava para eles e tentava dar soluções para coisas que eu mesmo não tinha coragem de resolver comigo mesmo. Se desse certo, era uma felicidade, se não desse, infelizmente não deu, “eu ao menos tentei”, dizia eu mesmo no meu subconsciente.
Eu tentava criar histórias também, criava muitas mesmo, como eu assistia a muita coisa, eu tinha muita coisa para copiar e tentar criar algo. Afinal, todas as histórias já foram criadas, o que temos agora são histórias que são criadas por outras histórias bases. Eu já criei uma em que zumbis lutavam. Uma ideia ridícula não é?
Era o começo do fim do declínio dos contos.
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A vida nem sempre é o que queremos. Eu mais que ninguém sei disso.
Uma vida ordinária, era tudo que eu tinha.
Durante muito tempo eu estive numa rotina tediosa, eu era um antissocial que não conseguia me conectar com as pessoas. Exceto via internet, lá eu liberava um novo eu apenas pelo fato de não ter que encarar ninguém.
Há milhares de conteúdos disponíveis para minha vida mudama não parecer tão mudama, eu olhava para aquilo tudo e via uma chance. Uma chance de tentar interagir, enganar minha própria mente dizendo que eu conseguia ter amigos em algum lugar. Mas eu só me enganava.
Eu sabia que no fundo que o antissocialismo era sem fim em mim, mesmo na rede, mesmo com tantos assuntos, eu conseguia me isolar ainda. Conseguia afastar até as pessoas que eu nunca frente a frente de uma forma impressionante e nada que eu tentasse fazer mudava isso. Eu afastava até com quem eu me dava bem.
Meu hobbie favorito era assistir as coisas, desde o que as pessoas escreviam, até assistir outras coisas como filmes e seriados. Eu tentava sempre resenhar, mesmo não sendo tão bom nisso, eram resenhar em boa parte genéricas, mas para me enganar, eu fingia que algumas eram boas.
Assistir os outros sempre me deu prazer, eu queria ajudar a todos de alguma forma, eu olhava para eles e tentava dar soluções para coisas que eu mesmo não tinha coragem de resolver comigo mesmo. Se desse certo, era uma felicidade, se não desse, infelizmente não deu, “eu ao menos tentei”, dizia eu mesmo no meu subconsciente.
Eu tentava criar histórias também, criava muitas mesmo, como eu assistia a muita coisa, eu tinha muita coisa para copiar e tentar criar algo. Afinal, todas as histórias já foram criadas, o que temos agora são histórias que são criadas por outras histórias bases. Eu já criei uma em que zumbis lutavam. Uma ideia ridícula não é?
Zumbis que lutavam entre si para descobrir quem era o mais forte. Era a mais ridícula de todas minhas ideias. Afinal, por que diabos zumbis lutariam? Não fazia sentido. Mas talvez se eu tivesse nascido asiático, dava para ter vendido a alguma produtora a ideia, eles gostam de tentáculos, então a ideia de produzir algo que zumbis lutam entre si não é ruim, ao contrário, é uma chance de fazer um “filme trash” bem colossal.
Mas o problema mesmo, foi o dia que uma das minhas histórias se tornou realidade. Mas como assim se tornou realidade? Nem eu sei explicar.
Tudo começou numa noite qualquer, eu estava desanimado de assistir qualquer coisa, então eu desliguei minha TV e fiquei apenas olhando para o meu Facebook, mas sabe como é, de madrugada ninguém compartilha nada, ninguém comenta nada, todo mundo apenas vai dormir. Mas eu era maluco, não tinha nada melhor pra fazer mesmo e ficava do mesmo jeito.
Mesmo que fosse uma ideia melhor dormir e ver as pessoas acordadas mais tarde, eu insistia em ficar até desistir da ideia. Eu joguei por algumas horar até cansar, como não trabalhava, eu podia madrugar a vontade sempre que eu quisesse.
Eu joguei, joguei e joguei mais um pouco, cada partida jogada eu enrolava mais e mais para fechar, até finalmente fechar e finalmente deitar para dormir.
Eu não tinha perspectiva de nada, eu apenas ia dormir para descansar meu corpo, mesmo odiando isso. Dormir é uma perda de tempo gigantesca, cochilos são bons, eles duram de 2 a 4 horas e você se sente relaxado, e digamos, em 2 horas você não faz muita coisa mesmo. Enquanto dormir, leva 8 horas por dia. Você perde 1/3 do dia apenas tendo de dormir, eu poderia produzir bem mais se não tivesse de dormir.
Apesar de no fundo eu saber se eu tivesse as 8 horas por dia do sono como horas integrais, eu iria apenas jogar ou assistir alguma, produzir algo de realmente bom, nada.
Mas ainda sim, meu ódio por dormir era grande, naquela noite eu não tive uma boa noite de sono. Dormi apenas por 5 horas, continuei cansado e tive um sonho estranho.
Mal sabia eu que aquele sonho se tornaria real, eu tratei apenas como se tivesse tido um mal sonho.
Sonhos ruins são normais para mim, geralmente eu não tenho pesadelos, já que minha vidinha confortável nunca me deu um trauma real que me fizesse ter pesadelos, e nunca fui do tipo medroso, daqueles que vai ver um filme de terror e se caga todo, eu apenas assisto e continua do mesmo jeito que eu estava antes de assistir: Com cara de tédio.
O tédio era algo comum, a única vez que eu tive algo para me tirar do tédio, ela me largou e eu até hoje não sei o motivo. Eu considero qualquer coisa um tédio: Aulas são um tédio, academia é um tédio, ver filmes demais se torna tedioso e até fazer essa narração está ficando tediosa pra mim.
O ponto que eu quero chegar é exatamente nenhum.
Eu estou aqui apenas para contar o que aconteceu quando eu fiquei preso em um loop.
Era um dia comum, o tempo estava nublado, não estava tanto calor assim, mas eu dormi com o ventilador em mim, depois de uma madrugada tediosa como sempre, eu acordei para mais um dia tedioso. Como o habitual, eu liguei meu computador, abri meu navegador e compartilhei o que eu achei de interessante na noite anterior.
Afinal, eu sou carente por atenção, eu acumulo um monte de coisa para postar tudo junto já que como eu disse: De madrugada tem ninguém, e sem ninguém pra curtir as besteiras que eu posto, a vida perde toda a graça.
Depois de compartilhar tudo que eu tinha acumulado, eu fui comer algo, mesmo que eu fosse gordo, eu comia coisas que não devia e pouco me importava, por mim minha vida terminaria aos 50 anos tranquilamente.
De barriga cheia, eu abri o jogo, rodei mais um pouco e avancei os dias nele, vi as partidas até dar a hora de sair. Eu estava tentando dar um rumo na minha vida.
Mesmo tendo problemas em me relacionar com as pessoas, eu quis ser professor porque eu não tinha muito futuro em qualquer outra área, eu não era bom em contas, não tinha habilidade com programação e tampouco conseguia aprender a minha própria língua natal a fundo, o que me impossibilitava de fazer Letras.
Mesmo sabendo que a ideia de alguém que não se relaciona com os outros ser professor é ridícula como a de zumbis lutando, eu fui para a faculdade como sempre.
Nada de anormal ainda tinha acontecido, eu não fazia nem noção do que aconteceria logo mais.
O velho transito de sempre engarrafou o caminho até lá, meu pai dizia que quem fez a estrada nunca imaginou que aquele lugar um dia teria tantos carros, e tinha um completo sentido. Era carro demais para pouco espaço, era bem visível isso, e era inevitável, não tinha como expandir o local sem mexer com as casas próximas, o que era uma pena. Se não fosse pelas casas, talvez teríamos menos transito naquele local.
Tive aulas de pedagogia, eram algo muito chato, não só por serem chatas por si só, mas por os professores estarem dando conteúdo que eu já vi no Ensino Médio, me incomodava ver coisa repetida, e nem uma repetição de algo que me agradasse.
Terminada a aula, algo estranho pairava o ar. A entrada sempre cheia estava vazia.
Não havia nada lá, eu me sentia no mundo da televisão de Persona, apesar de não haver neblina, o clima passava facilmente que estávamos de madrugada, quando não estávamos, eu temia algo acontecer, já que meu pai sempre vai me buscar, porque vivemos num país perigoso, e como a aula terminava tarde, podia acontecer algo.
Para me certificar que eu não teria que descer as escadas de novo, fui a beira da calçada, eu podia ter chegado ali momentos antes de meu pai chegar, e ter que voltar é algo chato, não gosto também de ter que andar desnecessariamente. Mas olhei e vi nada, achei melhor voltar. Na faculdade existe um lugar próximo as escadas que é relativamente confortável.
Lá bate uma brisa bem gostosa, é mais confortável ficar lá que na mal iluminada calçada, além de mais seguro. Mas quando eu pensei em voltar algo me chamou a atenção.
Em plena 22hrs da noite uma garota que apesar de não ter tanto corpo, me chamou a atenção por eu ter achado seu rosto bonito. Apesar de ser “mal iluminado”, o local não é exatamente escuro, é como uma sala de cinema, você ainda consegue enxergar bastante coisa mesmo que esteja escuro.
O cabelo dela era vermelho, claramente pintando, mas era chamativo, eu como não me importava com cabelos, achei apenas um detalhe comum, o que me chamou a atenção mesmo foi seus óculos.
Eu particularmente tenho uma atração maior quando se trata de garotas com óculos, um óculos bonito dá um que a mais a pessoa, tanto que eu tinha em casa um óculos sem grau, apenas para me sentir como quem usa óculos, mesmo não precisando de um realmente.
Eu não sabia exatamente descrever a cor da armação, para mim bege e marrom é a mesma coisa, mas era algo entre essas coisas, as lentes eram grandes, não era um óculos bonito convenhamos, mas foi o suficiente para me chamar a minha atenção.
Seu rosto apesar de magro, era a meu ver bonito, era uma garota que se me desse uma chance eu namoraria.
Quando menos notei ela veio andando e se aproximou de mim, ainda meio hipnotizado, ouvi ela me perguntar as horas.
Bom, é algo relativamente comum, eu fiquei que nem um idiota ali, e eu estava com meus fones de ouvido, ela com necessidade de saber o horário veio me perguntar, como não havia mais ninguém por perto não achei um problema puxar meu celular do bolso para informar-la das horas.
“São 5 pras 22hrs”, eu respondi, naquele momento eu entendi um pouco do suposto atraso do meu pai, ainda não eram 22hrs, que é a hora que eu devia sair da faculdade, é normal ela ainda não ter chegado, eu sai mais cedo, não podia reclamar de atraso.
Depois de eu ter respondido, ela sorriu e me agradeceu. Mas agora que a parte estranha aconteceu.
Por algum motivo misterioso eu senti algo me perfurando, diferente da sensação que eu tenho ao tirar pele da ponta dos meus dedos quando eu roía as unhas, eu senti uma dor bem maior, logo olhei para baixo, e a misteriosa garota havia me passado a faca.
Não consegui imaginar um motivo para isso ter acontecido tão subitamente e de forma tão inesperada.
Eu nunca me meti com favelados, na real, a única forma de eu usar drogas, seria se o pó do meu computador virasse pó de maconha, mas como isso é impossível, eu tentei imaginar outras possíveis razões.
E eu não conseguia encontrar, por mais que eu pensasse em um motivo, não havia porque, eu fui morto por puro prazer da pessoa que me matou, eu imagino se houve algum motivo em especial para ter sido eu a morrer ali naquele momento, ou foi apenas uma triste coincidência.
Enquanto eu tentava entender, a garota que era a responsável pela minha morte, chegou mais perto de mim, e me deu um beijo, eu entendi aquilo como uma bela irônia por algo que eu havia postado não fazia muito tempo: “Eu vou morrer antes de beijar outra garota na minha vida”.
E essa era a situação, eu fui beijado pela última vez por uma assassina, mas apesar de tudo, não considero que foi um mal último beijo, seu lábio era rosado naturalmente, foi provavelmente o melhor beijo que eu já tive, superava todos os outros que eu tinha dado em minha ex-namorada.
Como minha vida não era grandes coisas eu não sentia medo da morte vir, não gostava da ideia de morrer, é claro, havia muita coisa que eu ainda queria poder ter assistido se tivesse vivido mais um dia para contar a história, mas como minha vida não era isso tudo, não senti pena de minha própria morte.
Eu preferia que eu morresse ao menos fazendo sexo por uma última vez, mas um beijo era bom o suficiente, a solidão é algo completamente foda, ela faz que qualquer padrão de beleza que você tenha seja destruído aos poucos. E os meus foram tão destruídos ao ponto de que um simples beijo fosse para mim uma morte digna, já que eu pensei que nem isso eu teria mais.
Na minha mente veio um leve porn de como teria sido se ela tivesse querido fazer sexo comigo, foi um bom fap mental, e eu logo concluí que o mundo estaria melhor sem mim.
Afinal, convenhamos, quem que está entre a vida e a morte pensa em porn com a pessoa que o matou? Eu sabia que era doente, mas não tanto.
Depois do beijo, ela me largou ali na calçada e foi embora, sem remorso algum, ela andou com suas pernas finas para frente, como se nada tivesse acontecido, eu olhei para trás e ela me mandou um beijo no ar e falou “até a próxima”. Mas como assim até a próxima? Você me matou, não vai ter próxima sua vadia.
Alguns minutos depois eu fui encontrado no chão por um funcionário e fui para o hospital, mas como já tinha perdido muito sangue, não resisti e morri no caminho. Porém, assim como Clannad, eu magicamente acordei na cama do meu quarto na mesma manhã e achei que tinha sido apenas um mal sonho.
Mais um dia e eu acordei naquele quarto ordinário, eu logo me levantei e sentei, enquanto respirava e tentava entender o que aconteceu em meu “sonho”, eu olhava para meu quarto, cujas paredes laranjas, que era minha cor favorita, precisava urgentemente de uma nova pintura.
Eu acabei desistindo de entender, apenas admiti naquele momento que tinha sido um pesadelo, “uma ideia ridícula”, eu achei no momento, ninguém me mataria assim do nada e sem motivo algum. Mal sabia o que significava.
Eu basicamente repeti o que havia feito no começo do sonho, postei porcaria como sempre, mas dessa vez eu fui a busca de um porn que se assemelhasse a garota que eu vi no meu sonho, apesar de eu quase não lembrar da aparência dela mais, eu sabia o que eu tinha procurar e eu já acordei com vontade de fazer aquilo, e eu não costumo ignorar essas minhas vontades.
Feito isso, fui normalmente para a faculdade, assim como no sonho, vi que o sonho parecia estar bem vivido, já que me deu uma sensação de déjà vu, eu sinto que já havia visto aquela aula, mas assim como todo déjà vu eu deixei pra lá, era só impressão já ter visto, era impossível eu já ter visto aquilo antes.
Apesar de eu achar que a aula era um mero déjà vu, eu ainda estava um pouco preocupado e não consegui sair pelo portão principal. Existem duas saídas na faculdade, eu liguei para meu pai e pedi para que ele me buscasse na outra, ele disse que tudo bem, então eu esperei.
O déjà vu ficou mais forte, apesar dessa rua ser bem diferente da principal, essa era mais estreita e não tinha árvores para fazer a calçada ser mais escura, mas o clima era bem semelhante, algo sombrio estava no ar, estava tudo deserto, e até mesmo o monitor que estava ali sumiu. Eu pensei em voltar, quando a vi novamente.
Era uma garota, de cabelos vermelhos pintados que estava vindo, se assemelhava muito ao meu sonho, mas por naquele momento eu não lembrar mais como exatamente ela era, apenas me deu a impressão de ser parecida.
Ela se aproximou e novamente me perguntou as horas, eu sem saber o que aconteceria ainda, respondi novamente “são 5 para as 22hrs”, ela agradeceu e me beijou novamente, e mais uma vez me matou, como a rua estava deserta e já era tarde, eu fui perdendo sangue até meu pai chegar, quando ele desesperado, tentou me levar ao hospital, mas eu já havia perdido sangue demais e morrido novamente de hemorragia interna por causa da facada.
E mais uma vez eu havia acordado em minha cama.
Pela terceira vez eu havia tido o mesmo sonho, nas mesmas circunstâncias anteriores eu acordara na mesma cama, no mesmo quarto e tive o mesmo sonho novamente. A mesma garota misteriosa me matou duas vezes sem qualquer motivo.
Eu comecei a notar que havia algo estranho.
Se formos analisar com clareza, havia algo estranho acontecendo. Eu basicamente estava como no filme “A Origem”, eu sonhei com um sonho de outro sonho. Basicamente eu sonhei e acordei e tive outro sonho dentro do mesmo sonho.
Isso era o que eu imaginei na hora, eu simplesmente ainda não queria acreditar na ideia de um loop temporal ainda. Era absurdo demais imaginar que eu estaria preso no mesmo dia assim tão de repente. Isso é algo de Ficção Cientifica.
Como não havia como comprovar o que estava havendo, eu apenas fiquei com medo e resolvi que não iria para a faculdade dessa vez. Fiquei em casa e assisti algumas coisas como sempre. Meu pai não gostou muito, mas por eu ser maior de idade ele acabou tendo que engolir a seco que eu ia faltar e pronto.
Naquela noite eu senti sono mais cedo, mas enquanto eu escovava meus dentes para dormir, eu ouvi um barulho.
O barulho que vinha do quintal era estranho e parecia ser de dentro de casa, curioso, eu acendi a luz do quintal e logo vi: Era ela novamente.
A mesma garota que havia me matado nos meus sonhos misteriosamente apareceu em minha casa e pulou meu muro. Meu muro era alto, devia ter uns 4 metros de altura e não havia como subir tão facilmente. Mas mesmo assim ela subiu e desceu como se fosse nada.
Naquele momento, entrei em desespero, ficou bem óbvio que eu era o alvo dela por algum motivo, mas não consegui, quando eu tentei voltar para dentro de casa, no desespero, eu torci o pé e não consegui, novamente eu fui novamente morto.
E as circunstâncias simplesmente não mudaram, para chamar a atenção, ela esperou um tempo e abriu o portão de minha casa e bateu com força, sem medo de acordar alguém, e não deu outra, meu pai acordou, mas era tarde demais, eu morri pouco tempo depois novamente por hemorragia causada pelo fato de eu ter levado uma facada.
Mas apesar de eu ter morrido, eu finalmente conclui pelo que aconteceu: Eu novamente acordei em minha cama e eu tinha as mesmas coisas para compartilhar.
Eu sentei na cadeira e refleti, afinal eu estava em um loop ou não? Eu apostei que sim.
Eu finalmente comecei a entender um pouco da minha situação, por algum motivo que está além de mim eu estava preso num loop temporal e que eu sempre terminava morto.
Naquele momento, eu tive uma conclusão que a garota que me matou era uma alegoria da vida me dizendo que eu deveria viver.
Tendo em vista essa conclusão, eu decidi que faltaria a faculdade “novamente”, eu já conhecia o conteúdo que ia dar hoje, então faltar era o menor dos problemas se eu estava realmente em um loop.
Mas como eu poderia viver se eu era um antissocial? Eu me questionei e pensei. Depois de me questionar bastante, eu achei que eu deveria simplesmente sair, era o momento ideal para sair de casa e viver um pouco, ver as tais pessoas que eu nunca via as cores ao vivo.
Usei o Google Maps e fiz uma rota, como não dirigia, eu teria de ir de ônibus, liguei pro meu pai e avisei que não iria para a faculdade pois eu tinha uma “entrevista de emprego que apareceu de última hora”. Uma desculpa pra lá de esfarrapada, mas que por algum motivo deu certo.
A escolhida para eu sair de casa era uma garota que eu conhecia pelo Facebook.
Eu não dava muitos sinais de que eu gostava dela, mas eu gostava dela por uma razão que apenas fazia sentido para mim. Era uma atração sem mais e nem menos, eu simplesmente gostava dela e pronto.
A chamei no chat e perguntei se ela estava livre e podia sair comigo, ela disse que sim, então combinamos e logo eu fui pegar minhas economias. Eu sempre tenho um dinheiro guardado, dentro da caixinha do meu jogo, eu guardava algum dinheiro visando ir a eventos para que eu pudesse ter um dinheiro extra para gastar. Mas se aquilo resolvesse o loop temporal, deixar de ir no evento era o menor dos meus problemas no momento.
Pegado o dinheiro, esperei o ônibus e fui, levou cerca de 3hrs para chegar no bairro onde ela morava por causa da troca de ônibus e eventuais trânsitos no caminho.
Chegado lá, me encontrei com ela, não era um encontro nada demais, pela falta de planejamento, apesar fomos ao cinema e comemos algo na praça de alimentação depois. Na hora de me despedir, eis que para minha surpresa, quem estava lá, a minha assassina favorita.
Eu a apelidei de Redhead, visto que isso significa ruiva em inglês. A minha querida Redhead num local publico que misteriosamente não havia ninguém, matou a minha acompanhante com uma facada no pescoço e eu nem tentei reagir, eu sabia que algo ia acontecer e eu ia morrer de qualquer jeito, apenas aceitei o destino, não tinha como fugir daquilo, era inevitável. E assim eu tomei a facada no mesmo lugar e morri de novo pela falta de sangue, minha acompanhante por sorte sobreviveu milagrosamente.
Mas nada disso importa, pois novamente o tempo voltou.
Lá estava eu novamente no meu quarto laranja desbotado e bagunçado, lá estava meu PC ligado depois de eu ter ido dormir sem desligar ele com o meu navegador aberto e as mesmas coisas lá prontas para serem compartilhadas.
Era definitivamente um loop temporal, eu estava preso naquele dia e fadado a morrer com uma facada da Redhead, eu podia sair de casa que ela me encontraria e me mataria do mesmo jeito, era misterioso demais tudo que estava acontecendo.
A Redhead era parecida com a garota que eu gostava e sai com ela, era uma semelhança absurda entre as duas. Era quase como se ambas fossem gêmeas, mas como eu nunca soube de uma irmã por parte dela, descartei logo a possibilidade.
Tudo o que eu sabia no momento, era que eu precisava de algum jeito derrotá-la. Como eu estava em um loop eu fui memorizando os movimentos em busca de algum padrão para desviar.
Mas era inútil, ela sempre que começava a ter um padrão, logo ele se desfazia, pelo menos uma única vez eu consegui conversar com ela, terminamos fazendo sexo, mas ela me matou como sempre, eu devo ter morrido pela milessima vez, eu já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha morrido.
Como eu estava num tudo ou nada, a desafiei para uma luta final, mas para isso ela teria que me deixar vivo até de madrugada. Era um pedido estranho a se fazer, ainda mais visto que a minha querida Redhead me matou tantas vezes que eu sei mais nem como está a contagem.
Meu plano era apenas adiar o inevitável, não acredito realmente que eu vá conseguir mudar o destino, eu não tinha um plano realmente, apenas queria poder viver um pouco mais.
Como o destino era inevitável, eu fui encara-lo, deu o horário combinado com a Redhead, a figura misteriosa que iria me matar novamente, mas algo estranho aconteceu no meio do caminho.
Um homem que se parecia comigo apareceu misteriosamente, mas do jeito que esse loop e a Redhead é um mistério, eu já não me espantava mais com nada. Ele que parecia estar de cosplay de algum anime de mau gosto, se aproximou de mim. Ele andava de um jeito tranquilo, parecia que ele resolveria meu problema.
Andando a passos curtos e relaxados, ele veio até a mim sem problemas, eu fiquei ali parado o esperando, eu já sabia que morreria logo, falar com uma pessoa suspeita não faria diferença para mim. Ao chegar até mim, ele começou a conversar comigo.
-Olá, algo te aflige?
Eu fiquei ali parado e apenas vinha na mente “que merda de pergunta é essa?”. Minha vontade de responder, era óbvio que algo me afligisse, eu vou morrer pela centésima vez daqui a pouco, se não tivesse nada me afligindo eu estaria mentindo, seu merda!
Mas mantive a calma, eu não o conhecia, respirei um pouco e respondi que estava tudo bem, mas ele não pareceu engolir o meu não. Ele sabia que tinha algo errado, só faltava me contar.
-Acho que é hora de você saber tudo. - disse o homem misterioso.
-Saber o que? - perguntei querendo saber logo o que se travava.
-Você ultimamente vem repetindo o mesmo dia né? E no final de cada desse dia uma pessoa misteriosa de cabelos vermelhos pintados te mata, certo? - ele me perguntou com um olhar de tudo faria sentido pra mim agora.
-Bom, digamos que sim, o que você pode me dizer sobre isso? - perguntei a ele, já que pelo menos ele tem cara de saber algo, já que mais louco que está não fica.
-Então, o ser que está te matando é uma entidade corrompida, ela devia ter te ajudado com seu problema, e não ter causado o loop nesse universo.
-Mas como assim universo, do que você tá falando?
-Como eu não posso te explicar muita coisa, eu vou te dizer o possível. Existem milhões de universos paralelos diferentes com as mesmas pessoas, eu e muitas outras pessoas viajamos entre esses universos corrigindo os problemas deles para que possa seguir o seu fluxo normal. Você conhece aquela história que Hitler teria se matado no seu bunker com sua esposa, certo?
-Sim.
-Então, na verdade era um de nós infiltrado e que o matou. Toda mínima ação que você faz causa a abertura de um novo universo por causa da diferença de escolhas. Se você me achou parecido com você, é porque sim, eu sou você na realidade.
Naquele momento meu mundo literalmente caiu, eu sempre quis crer que mundos paralelos existiam, mas jogar assim na minha cara era simplesmente incrível demais para acreditar de uma vez só.
Enquanto ele me explicava tudo, eu descuidado não tomei um detalhe: A hora.
A hora passava do mesmo jeito enquanto conversávamos, e algo problemático aconteceu: A hora que eu morreria de novo havia chegado e eu não estava lá para isso, algo ruim poderia acontecer. E não só poderia, como aconteceu. A Redhead veio me caçar, ela sempre sabia onde eu estava, mas dessa vez havia uma esperança. O misterioso eu de outro lugar estava ali, e ele parecia ser forte.
Quando a Redhead se aproximou, uma luta começou, um poder que eu só via em animes surgiu, eu me senti assistindo um anime da Trigger, era um show de luzes e poderes, os dois lutavam sem parar, eu fui afastado para não me machucar, eu era um ser importante por algum motivo, eu que sempre me achei uma merda, de repente um ser veio para brigar para que eu vivesse, algo estranho havia, mas não importava no momento, o que importava era a esperança que eu poderia finalmente viver, a Redhead estava perdendo a luta.
O meu outro eu me salvaria, seria o fim do loop, era o fim perfeito para essa história, até que o meu outro eu fraquejou.
Passou a ser um massacre, era como se eu estivesse ganhando de 5 x 0 no futebol e tomasse uma virada de 5 x 6, a Redhead tirou poderes literalmente do cu e o meu outro eu passou a perder, estava tudo perdido, era mais uma morte, nunca teria fim aquilo, eu estava fadado a viver todos os dias sabendo que ia morrer.
Prestes a morrer, o meu outro eu foi jogado para perto de mim pela Redhead, ela estava determinada, ela mataria nós dois com único golpe e de uma vez só, igual ela fez quando eu estava no encontro. Alegoria da vida para me obrigar a viver uma ova, era a morte que estava ali.
Num resto de esperança, meu outro eu me fez uma proposta.
-Ei, você topa fazer um acordo?
Eu já havia visto Madoka, eu sabia que aquilo não podia ser coisa boa, mas eu não aguentava mais, eu tinha que dar um fim a aquilo, então eu respondi.
-Sim, o que é esse acordo?
O acordo era que a gente se fundisse, mas, em contrapartida, eu deveria dar adeus a tudo que eu conheço, eu seria um agente que resolve problemas em mundos paralelos, eu seria transportado a uma nova realidade, eu deveria abandonar meu nome e viver como um ser multidimensional.
Eu sinceramente sorri para essa proposta, era uma chance única na vida, eu nunca saberia porque eu sou importante para esse universo, mas em compensação, eu viveria num novo universo, viveria coisas que eu jamais imaginaria, eu exploraria tudo o que a vida podia me oferecer. Eu deixaria de ser um merda nesse mundo e passaria a viver realmente.
Nunca vou saber como é o corpo nu da garota que eu realmente gostava, mas não havia problema com isso, se ele era eu, a Redhead só podia ser ela de outra dimensão, na minha cabeça passou por um momento um questionamento do por que ela ficou daquele jeito, e aqui é de outro jeito, mas eu apenas conclui: Se cada universo é causado pelas escolhas diferentes que tomamos na vida, algo aconteceu no universo original dela e a transformou nisso.
Naquele momento eu tomei minha decisão, eu faria a fusão, não ligo mais para esse mundo, agora eu serei um ser multidimensional, não me arrependerei da minha escolha.
Logo depois daquilo, houve o momento que nos nos fundimos, eu senti o poder fluindo dentro de mim, eu sabia as regras para resolver os problemas, e agora eu sou capaz de tudo, até mesmo de matar a Redhead e dar fim a isso.
Eu me levantei, e transbordando de poder, eu matei a Redhead, era o fim do problema desse mundo, o loop finalmente acabaria. E realmente terminou, a Redhead caiu no chão e assim como eu morri milhares de vezes, ela também morreu, numa onda rosa de poder, tudo chegara ao fim.
Mas esse era apenas o começo pois logo senti ser puxado, deve ser aquilo que o meu outro eu falou, eu passaria a ser um ser multidimensional, então o universo deve estar me chamando para resolver os complexos problemas que existem por ai. Agora chegou a hora, minha jornada estava apenas começando, era hora de explorar o que eu tanto sonhei um dia: Ver universos paralelos onde as coisas ocorreram de forma diferente.
Era o começo do fim do declínio dos contos.